Teísmo Aberto: uma visão cega sobre Deus

Introdução:

O termo “Teísmo Aberto” pode ser desconhecido para muitos cristãos que ignoram seu significado, entretanto já devem ter se deparado com seu conteúdo contrário às Escrituras em algum momento. Através deste texto, vamos demonstrar que este não é um assunto irrelevante na teologia, bem como em nossa espiritualidade.

Falar sobre Teísmo Aberto implica em falar a respeito do centro da fé cristã, afinal o conhecimento de Deus tem a ver com a vida eterna (Jo 17.3). Se o nosso entendimento sobre Deus não for correto, logo todos os outros aspectos de nossa teologia estarão comprometidos. A forma como cremos sobre Deus é muito importante, pois nosso pensamento sobre Ele vai determinar como vemos o mundo ao nosso redor.

O que é Teísmo Aberto?

De acordo com o pastor, professor e escritor Héber Carlos de Campos,“Teísmo Aberto” (“Open Theism”), também chamado de Teologia Racional, vem da afirmação de que o próprio Deus está aberto para novas experiências, incluindo a experiência de aprender sobre os eventos progressivos da história do mundo à medida que se manifestam. Em outras palavras, Deus escolheu não ter o conhecimento sobre o futuro, portanto, Ele é limitado em Sua soberania no Seu governo do mundo e da humanidade. A consequência desta autolimitação divina implica na providência e na presença do mal no mundo.

No ensino do Teísmo Aberto, Deus é limitado no seu conhecimento das coisas futuras e o futuro permanece aberto, isto é, sem definição prévia da parte de Deus.

Segundo o entendimento dessa corrente, essa visão torna “Deus mais aberto, mais acessível e mais pessoal, um Deus mais parecido com o que é revelado nas Escrituras”.

Entretanto, por dois mil anos, a igreja tem proclamado que Deus é onipotente, onisciente e onipresente. Os pais da Igreja também afirmam a soberania Divina em seus escritos e sempre enfatizaram a presciência Divina, especialmente em face do problema do mal.

Onde surgiu o Teísmo Aberto?

Na década de 1980 já havia uma corrente de pensamento favorável ao Teísmo Aberto, mas formalmente nasceu com o livro The Openness of God, publicado em 1994, sendo que a intenção dos autores foi rever o conceito clássico sobre Deus, usando textos da Escritura para questionar o entendimento tradicional do Ser Divino.

Principais pontos do Teísmo Aberto:

De acordo com o pastor e professor Franklin Ferreira, o Teísmo Aberto pode ser resumido em cinco proposições:

  1. O conhecimento que Deus tem de todas as coisas não é estabelecido na eternidade (dessa forma Deus aprende com a história, com a reação dos seres humanos);
  2. Sua presciência não é exaustiva porque Ele se autolimita;
  3. O relacionamento providencial com o mundo não é meticuloso (exaustivo – o poder de Deus está limitado pelo livre-arbítrio humano);
  4. O futuro não está totalmente seguro;
  5. Se o homem tem livre-arbítrio, então Deus não pode ordenar nem conhecer os eventos que irão acontecer no futuro. O futuro está em aberto no sentido de ser tanto criação do homem como de Deus.

Nota: o Teísmo Aberto afirma que para o homem ter livre-arbítrio Deus não pode ser onisciente. Contudo, nossos irmãos arminianos não afirmam o mesmo.

Ainda segundo o artigo do Professor Ferreira, no ensino do Teísmo Aberto destaca-se que:

  • O poder de Deus termina onde a vontade do homem começa, sendo que o próprio Deus estabeleceu esta delimitação.
  • Deus está constantemente pronto para ajustar seus planos às circunstâncias. Se o plano A falhar, ele pula para o plano B.
  • A oração é uma atividade eficaz através da qual anjos e homens podem funcionar como conselheiros de Deus e mudar sua opinião.
  • O ser de Deus é abalado pelas emoções de alegria e tristeza. Isto é essencial à sua personalidade trinitária.
  • Deus é tão misericordioso que não permite que alguém sofra o tormento eterno. Aqueles que não forem salvos simplesmente cessarão de existir.

Os ensinos equivocados do Teísmo Aberto não devem trazer confusão aos verdadeiros cristãos, que se dedicam ao estudo das Escrituras e no relacionamento pessoal com Jesus, pois tais cristãos devem ter o conhecimento de que:

  • No ensino correto e ortodoxo das Escrituras, sabemos que Deus é soberano e governa sobre todas as coisas na Criação.
  • O conhecimento de Deus engloba todas as coisas possíveis, inclusive as que ainda acontecerão. Ele inclui o conhecimento eterno das futuras ações e decisões dos seres humanos.
  • Deus tem um plano eterno que certamente será realizado. Para Ele não há surpresa nem desapontamento. O plano de Deus é imutável, assim como a natureza de Deus. Expressões que falem de Deus se arrependendo devem ser vistas como antropomórficas.
  • O poder da oração é visto como uma causa secundária no cumprimento do desígnio de Deus, assim como as outras causas secundárias são instrumentais nesta maneira. A oração pode até mudar alguns acontecimentos, mas não muda a opinião de Deus.
  • Deus não é como os seres humanos, suscetível a mudanças emocionais. Mas Ele não é impassível, porque a Escritura o representa como misericordioso.
  • Aqueles que não são salvos sofrerão inevitavelmente as consequências do pecado de Adão e de sua própria rebelião pecaminosa, e serão para sempre separados de Deus.

Conclusão:

A sugestão do Teísmo Aberto, que Deus está em constante aprendizado e adaptação ao futuro que para Ele é desconhecido, contraria o ensino bíblico de que Deus é onipotente, onisciente, magnífico e majestoso, digno de glória (Ex 14.31; 15.6; Sl 8.1; Is 42.8).

E, para encerrar esta postagem, seguem as palavras de teólogo, pastor e escritor Jonathan Edwards, escritas no ano de 1735, mas que de tão assertivas tornam-se atuais para nós:

“Deus é um Deus glorioso. Não há ninguém como Ele, que é infinito em glória e excelência. Ele é o Altíssimo Deus, glorioso em santidade, temível em louvores, que faz maravilhas. Seu nome é excelente em toda a terra, e sua glória está acima dos céus. Entre todos os deuses não há nenhum como Ele… Deus é a fonte de todo o bem e uma fonte inextinguível; ele é um Deus todo suficiente, capaz de proteger e defender… e fazer todas as coisas… Ele é o Rei da glória, o Senhor poderoso na batalha: uma rocha forte, e uma torre alta. Não há nenhum como o Deus … que cavalga no céu…: o eterno Deus é um refúgio, e sob Ele estão braços eternos. Ele é um Deus que tem todas as coisas em suas mãos, e faz tudo aquilo que lhe agrada: Ele mata e faz viver; Ele leva ao túmulo e ergue de lá; Ele faz o pobre e o rico: os pilares da terra são do Senhor… Deus é um Deus infinitamente santo; não há nenhum santo como o Senhor. E Ele é infinitamente bom e misericordioso… Este é um Deus que se deleita na misericórdia; Sua graça é infinita, e permanece para sempre. Ele é o próprio amor, uma infinita fonte e um oceano dele”.   

Jonathan Edwards

Por Cláudia Martin

Artigos consultados:

O Teísmo Aberto: um ensaio introdutório, por Heber Carlos de Campos – Fides Reformata.

O Teísmo Aberto: a glória roubada de Deus, por Franklin Ferreira – Voltemos ao Evangelho