SOLI DEO GLORIA

POR QUE SOMOS PROTESTANTES?

SOLI DEO GLORIA

A glória de Deus foi o tema abrangente da Reforma Protestante. Os reformadores buscaram exaltar essa glória em tudo o que eles escreveram e ensinaram. Soli Deo Gloria significa “glória somente a Deus”. 

A glória de Deus na salvação

Ao afirmar Soli Deo Gloria, os reformadores colocaram todas as realizações da salvação aos pés de Deus. Nenhum homem pode se vangloriar por qualquer mérito na salvação. Toda a glória pertence somente a Deus. 

Todos os solas da Reforma, apontam para a glória de Deus. O Sola Fide nos ensina que as obras humanas em nada contribuem para a salvação do homem, portanto, o Deus que concede a fé é que deve ser glorificado. O Sola Gratia nos ensina que é só pela graça que o homem pode ser salvo, portanto, o Deus que concede a graça deve ser glorificado. O Solus Christus nos ensina que Cristo é o único mediador entre Deus e o homem, portanto, a glória não pertence a nenhum outro, senão a Ele. O Sola Scriptura nos ensina que somente a Palavra de Deus é a autoridade final na vida do cristão, portanto é o Deus da Palavra que deve ser glorificado. Todos os solas convergem para a glória de Deus.

A glória de Deus e o homem

Deus declara que Ele não compartilhará a sua glória com homem algum. Assim,ao declarar Soli Deo Gloria, também afirmamos que: 

  • O homem não partilha da glória de Deus, mas a reflete ao resto da criação. 
  • O homem tem dignidade porque Deus atribui dignidade aos portadores da sua imagem. 
  • Não se pode atribuir dignidade ao homem sem reconhecer a glória de Deus. 
  • Só o Deus de eterna glória possui inerente e intrínseca glória. 

A glória de Deus na adoração

Dar glória a Deus é entender e confessar que não há nada neste mundo que possa ocupar o lugar que pertence a Deus. 

Enquanto o catolicismo romano colocava santos, papas, relíquias e sacerdotes no lugar que pertence a Deus somente, os reformadores protestantes enfatizaram o ato de dar a Deus total glória na salvação do homem e na adoração a Deus.   

Em seus ensinos, o reformador João Calvino destacou como o culto aos ídolos é o pecado fundamental da humanidade. Ele afirmava  que, por natureza, o coração do homem é uma fábrica de ídolos e que a base da corrupção humana é uma recusa em glorificar a Deus devidamente. 

A Declaração de Cambridge, elaborada em 1996, enfatizou a glória somente a Deus como o foco da adoração. Como se segue:

“Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.”

A glória de Deus na vida cotidiana

O Soli Deo Gloria também se tornou o resumo de um estilo de vida reformado. Ao invés da antiga visão monástica enfatizada pela Igreja Católica, os reformadores enfatizaram que a vida cotidiana é o contexto no qual glorificamos a Deus. 

“No catolicismo medieval, Deus estava no monastério, e não no mercado. Deus está na Missa, e não no lar. Quanto mais se enfatiza o sagrado dos lugares sagrados, menos Deus é fator de vida no cotidiano. Não é que Deus estivesse ausente. Ele ainda estava ali para vê-lo e contar seus pecados. Mas, no catolicismo medieval, Deus era uma realidade distante e proibitiva. Ele era acessado, quando muito, pela mediação dos santos. Você nunca seria aceitável para ele e, assim, não pensava nem desejava aproximar-se dele diretamente.” (Michael Reeves e Tim Cheston)

Por meio da obra de Cristo, somos colocados em um relacionamento direto com Deus. Ele está perto de nós e, portanto, somos chamados a viver cotidianamente coram Deo, isto é, “diante de Deus”. Desse modo, glorificamos a Deus, não somente no culto ou realizando atividades relacionadas à igreja, como se somente estas fossem a obra de Deus. 

Pelo contrário, aplicando o princípio de 1 Co 10:31 devemos viver cada aspecto de nossas cotidianas para a glória de Deus. O Deus da Escritura não está somente no extraordinário, Ele também está naquilo que é comum e é glorificado até mesmo nas atividades mais triviais.

Concluindo, que como o salmista, possamos declarar: 

“Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.” (Salmos 115:1).

SOLI DEO GLORIA

Bibliografia: 

Guia de Estudos 5 Solas, CFL, Editora Fiel; 

Por que a Reforma ainda é importante?, Michael Reeves e Tim Cheston, Ed. Fiel

Cinco Solas da Reforma, Bereanos (blog)