Reduza as distâncias.

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Lendo o primeiro capítulo da epístola de Paulo aos romanos tenho refletido muito sobre como estamos, gradativamente, nos distanciando das relações pessoais, perdendo a necessidade, o desejo e o afeto pela companhia do outro.

É lindo ver Paulo dizendo: como desejo vê-los! Quero estar convosco a fim de repartir as bênçãos espirituais: abençoá-los e também ser abençoado por vós. Usufruir da vossa companhia. Ouvir, olhar, tocar, abraçar, sorrir e, por que não, chorar convosco. Não por cartas, mas, lado a lado. Anseio tanto por isso que esta tem sido a minha oração incessante.

Confesso que na minha perspectiva é até estranho ler isso. Mas, não deveria, esse anseio deveria ser comum entre aqueles que são alvos de um amor tão imenso quanto o amor do nosso Pai. As afeições de Paulo não são estranhas, estranho é o modo como temos trocado nossas relações pessoais e nos contentado com relacionamentos cada vez mais distantes e virtuais. Claro que a distância e a “correria” fazem com nos comuniquemos mais virtualmente do que pessoalmente. Mas, o que dizer das longas distâncias que separavam o apóstolo de seus destinatários? Nem mesmo em cadeias ele se privou da companhia dos irmãos na fé.

Quantas visitas você fez no último ano? Não por doença, nem por urgência, mas, pelo simples desejo de partilhar a companhia de um irmão na fé, de uma família a fim de edificá-los e também ser edificado. Fiz essa pergunta a mim mesma. Foram poucas as vezes em que tive, não somente disposição, mas um desejo sincero de fazer isso.

Numa era de relações digitais, sejamos pessoais. O Evangelho é pessoal, relacional e  celular (mas, não este que não largamos nem por 1 hora), pois envolve juntas e medulas, envolve relacionamentos. Não é fácil, eu bem sei. Talvez eu seja uma das pessoas que menos gosta de sair de casa, só de pensar nisso sou subitamente tomada pela procrastinação. Mas, então, olho para o apóstolo Paulo e não encontro desculpas para ser tão negligente em minhas relações. Neste último ano percebi a necessidade do contato pessoal para a boa saúde dos relacionamentos. Tecnologia nenhuma (nem mesmo chamadas de vídeo) substitui isso.

Vida cristã não tem a ver somente com lutar contra o pecado, tem a ver também com desenvolver um caráter santo; e a hospitalidade, a generosidade, a temperança, o amor ao próximo são características de santidade. Talvez o maior desafio para o ano não seja apenas lutar contra o pecado, mas exercer o dom da misericórdia, estar mais cercada de pessoas, exercitar a bondade para com o próximo, a fidelidade nos compromissos. À primeira vista, estas coisas podem parecer secundárias, mas elas se tornam primordiais à medida que meditamos mais e mais nas Escrituras, nos tornamos sensíveis às pequenas coisas que na realidade são grandes aos olhos de Deus. Nos falta afeto? Peçamos ao Senhor, Ele nenhum bem sonega aos que andam retamente (Sl 84.11)

Sejamos intencionais nesse propósito, ligue, marque um café, uma conversa, uma caminhada; separe um tempo para ouvir o outro, pra falar ao outro. A experiência tem me ensinado que o “tudo bem” do Whatsapp por vezes está muito longe da realidade, mas, tantas vezes nos contentamos com ele, quando um simples abraço, um olho no olho poderia quebrar todas essas barreiras. Precisamos ter mais tempo para as pessoas – e, a verdade é que tempo nós temos, o que nos falta é disposição.

Vença as barreiras. Pode ser uma atitude pequena, mas é uma significativa revolução cristã. Minha oração nesta manhã é que o Senhor me ajude a viver uma vida de piedade além de mim mesma. E minha resolução é que ao longo do ano eu visite algumas pessoas que há tempos não tenho visto. Assim como Paulo, vou desejar e orar por isso e que, segundo a vontade do Senhor eu possa reduzir algumas distâncias em 2018. Deixo aqui meu incentivo a você também!

Um abraço fraterno,

No Amor de Cristo

Prisca Lessa