Por que não experimentamos vitória?


Recentemente eu conversei com uma jovem que despreza a si mesma devido a sua dificuldade recorrente com luxúria e pornografia. Ela tentou obedecer a Deus e fugir do pecado apenas para achar-se caindo nele mais uma vez. Eu conheci outras pessoas que sentem o mesmo desencorajamento no casamento ou na sua jornada de cura.

Por que seguidores de Cristo permanecem cativos ao pecado? Por que Deus não conserta casamentos partidos e cura os nossos corações feridos? Se é para a liberdade que Cristo veio, por que não estamos livres?


Isto não é apenas uma pergunta teórica, mas também uma dificuldade prática. E não é apenas para os homens e mulheres que vem ao meu ministério, mas é uma batalha individual. Eu sei o que é querer estar livre do pecado e da devastação para apenas experimentar isso me derrotar dia após dia.

Recentemente eu estava lendo Lucas 18, e o Senhor me mostrou 3 barreiras específicas que afastam os seus filhos da vitória. Nessa passagem, Jesus está ensinando sobre oração – como devemos pedir ao nosso Pai. Ele dá 3 imagens separadas e complementares sobre como abordar o Pai com o nosso pecado e devastação. Eu já li essa passagem das Escrituras antes, mas dessa vez eu vi sob a luz de como pode haver barreiras na jornada para a liberdade. Ainda que você esteja lutando contra o seu próprio pecado ou o impacto devastador do pecado de alguém, as palavras de Jesus podem destrancar a vitória.

Barreira #1 – Nós desistimos
Jesus contou a eles uma história ilustrativa para mostrar que os homens devem sempre orar e não desistir. Ele disse,
Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? (Lucas 18:1-8).

Não gostamos de admitir a verdade de que colocamos Deus em uma linha do tempo. “Eu orei sobre isso, mas isso não funcionou.” “Eu pedi a Deus que curasse o meu casamento, mas ele não está respondendo.” “Eu me arrependi, mas continuo a cair em pecado.” A cura e redenção que Jesus traz geralmente não é imediata. Eu encontrei uma mulher esta manhã que me disse que o Senhor levou 13 anos para curar o aspecto sexual do seu casamento.

Eu não entendo os caminhos de Deus e nem porque Ele nem sempre age imediatamente. Contudo, a espera e a persistência para buscá-lo é frequentemente parte da jornada até a intimidade e maturidade. Na sua batalha com o pecado e a devastação, você tem inconscientemente dado um prazo em que o Senhor deve trabalhar? Você tem desistido de Deus porque Ele não tem respondido suas orações para cura e liberdade? Não desista! Seja persistente na sua oração de que Deus trará redenção, liberdade e cura.

Barreira #2 – Nós queremos manter a dignidade
Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. (Lucas 18:9-14).

Essa história é extremamente denunciativa. Note que o fariseu agradece a Deus pelo quão espiritual e santo ele é. Ainda que ele reconheça alguma necessidade, ele gaba-se de ter a sua vida bem ajeitada. Quão frequente eu tenho vindo ao Senhor dessa forma, agradecendo-o por não ser tão pecadora e perdida quanto os outros ao meu redor!
Deus não trabalhará de formas grandiosas até que estejamos dispostos a nos achegarmos a Ele em humildade desesperada.

Recentemente me encontrei com uma mulher que tem dificuldades com o pecado sexual. Ela passou vinte minutos me explicando o quanto não é tão ruim assim. Afinal de contas, ela não olha sites pornográficos, ela apenas se dá ao ocasional luxo dos livros eróticos e fantasias sexuais com um rapaz bonito do trabalho. Deus tem a denunciado, mas ela não acha que precise de muita ajuda porque “existem outras mulheres que são piores do que eu.”
Essa mulher não está pronta para o trabalho do Espírito Santo. Deus quer nos levar até o ponto onde paramos de comparar e justificar e caímos sobre nossas faces implorando por Sua força e misericórdia.

Barreira #3 – Nós oramos como adolescentes
Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; e os discípulos, vendo, os repreendiam. Jesus, porém, chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele. (Lucas 18:15-17).

Por décadas eu sei que essa história nos ensina a irmos a Deus como crianças pequenas. Apenas na semana passada eu percebi que minha abordagem para com Deus é mais semelhante à de um adolescente.
Eu tenho 3 adolescentes, então eu sou praticamente uma expert na forma com a qual eles pedem ajuda. Aqui está o que eu sei sobre adolescentes. Eles apenas vêm até você quando precisam de alguma coisa e eles parecem ser expert em como você pode ajudá-los.
“Mãe, eu tenho um problema. Minhas notas estão bem baixas e eu preciso que você me deixe faltar a escola hoje para que eu possa colocar as tarefas de casa em dia.” Adolescentes não querem a sabedoria dos seus pais. Eles querem dinheiro, a sua liberdade, e uma validação de que eles já sabem tudo sobre a vida.

Em contrapartida, as crianças acordam todos os dias dependendo da sua mãe e do seu pai. Eles não sabem o que o dia trará e eles nem ao menos sabem que tem um problema para resolver. Eles apenas confiam, dependem e obedecem (tomara).
O que Deus tem pedido para você fazer na sua dificuldade atual? Ele está te incitando a fazer algo que você discorda como, por exemplo, demonstrar amor ao seu cônjuge (que não merece isso)? Ou se livrar do seu smartphone? Ou ser extremamente honesto como o seu parceiro de prestação de contas? Não discuta como um adolescente. Confie Nele como uma criança.

Nós temos à nossa disposição milhares de livros, seminários, e podcasts sobre como encontrar vitória em meio as nossas lutas até a completude em Cristo. Na esteira da informação e recursos, nós podemos facilmente negligenciar os simples ensinos de Jesus: Seja persistente, humilhe-se e abrace a fé como a de uma criança.

Escrito por: Dra. Juli Slattery

Traduzido por: Giulia Alcântara

Texto original: https://www.authenticintimacy.com/resources/2842/why-we-dont-experience-victory?source=blog