Paredes podem mudar de cor!

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Abrir o baú é sempre descortinar o coração, mas eu creio no poder de Deus através das palavras, afinal, foi assim que Ele criou todo o universo,
então, espero em Deus que estas palavras sejam úteis ao seu coração.
A Bíblia nos ensina que há um propósito para todas as coisas debaixo do céu, mesmo quando isso está (inicialmente) oculto aos nossos olhos. Lembro-me que logo que meu relacionamento terminou, meu pai me disse: “Filha, Deus está fazendo muito mais coisas do que você pode ver agora, aproveite este tempo”. Claro que naquele momento, essas palavras não serviram de muito consolo (ah, que legal Deus, “MUITO OBRIGADA”), no entanto, com o passar dos dias, percebi que aquelas palavras realmente tinham grande significado, havia muito mais coisas por trás daquela circunstância que Deus estava fazendo com que cooperassem para o meu bem. Através dessas “muitas coisas” que Deus fez, posso afirmar com certeza, que até meus 22 anos fui uma pessoa e a partir dos 23 comecei a me tornar alguém diferente.
Passar por essa experiência foi como se Deus tivesse feito um raio X em mim e escancarasse o resultado.
Eu sempre fui uma pessoa fechada e sempre me cobrei muito (talvez, ser filha de pastor tenha contribuído, OU NÃO pra isso), em determinado momento da minha vida, por me comparar demais com as outras pessoas, tive muita dificuldade em me relacionar. Eu não tinha ideia do quanto isso  me acompanhava e influenciava diretamente o meu comportamento e os meus relacionamentos.
Na realidade, minha timidez era um medo oculto de ser rejeitada. Eu era EXTREMAMENTE tímida e fechada, evitava todo tipo de evento social: acampamentos, falar em público, cantar, primeiros dias de aula (em que você tem que se apresentar), aquilo era um terror para mim, ainda mais porque eu tinha um bônus: um nome diferente que geralmente as pessoas não entendem de primeira, logo, eu sempre tenho que repeti-lo e no final das contas explicar o “porque de um nome tão diferente” haha, então, para evitar isso, eu fugia destas situações. Minhas amizades nunca foram muito profundas, elas sempre se mantinham na esfera “escola, trabalhos na casa de alguém e no máximo algum passeio durante as férias”, eu nunca permiti que as pessoas fossem de fato próximas de mim, por medo de que ao me conhecerem elas não me admirassem mais nem gostassem de mim, por isso, eu optava por amizades superficiais, onde eu podia mostrar o melhor de mim, à distância. Ter verdadeiros amigos foi algo que descobri depois de muitos anos, mas nunca é tarde para começar e hoje sou grata a Deus pelos amigos que recebi.
Essa “seriedade” veio da minha infância, tenho poucas fotos de criança sorrindo, lembro que quando tinha uns sete ou oito anos, certa vez um tio me disse brincando que eu estava sempre de testa franzida e que se eu não suavizasse minha expressão, ela ficaria franzida para sempre, depois disso, por medo de que aquilo de fato acontecesse comecei a sorrir mais, ainda assim, eu era muito retraída e “chatinha” (ainda sou chata, mas dei uma melhorada haha), mas eu não era chatinha porque queria ser, mas porque não sabia como não ser, simplesmente não sabia COMO me relacionar com as pessoas naturalmente. Mesmo quando estava MORRENDO de vontade de ir brincar com as outras crianças, eu preferia não ir, por receio de não saber brincar, errar, perder a brincadeira, falar errado, ser motivo de riso ou chacota. Sabe uma vida com constantes “e se”?! Era exatamente assim que as coisas funcionavam na minha cabeça: E SE eu cair? (então nem vou correr) E SE não me deixarem brincar? (então nem vou tentar) E SE eu errar a resposta? (então nem vou responder) E SE eu disser algo e a pessoa não gostar? (talvez ela não queira mais ser minha amiga) e assim, muitas coisas deixaram de ser vividas, experimentadas e ditas, oportunidades passaram e assim fui crescendo até meus vinte e poucos anos.
Outro ponto foi o complexo de inferioridade, as pouquíssimas vezes em que tive a oportunidade de compartilhar isso, as pessoas duvidaram ou estranharam, mas como diz o bom e velho ditado, quem vê cara não vê coração, eu acredito que o orgulho seja a tampa da maior parte dos nossos pecados, pois ele não permite que nós mostremos o nosso coração como ele de fato é. Complexo de inferioridade é um nome bonito que damos para a autopiedade, que como eu disse nos textos anteriores, é pecado. Nas palavras de um escritor chamado John Piper: A autopiedade é uma reação do orgulho ao sofrimento. A razão pela qual a autopiedade não parece ser orgulho é que parece ser carência, mas sua necessidade brota de um ego ferido, é um sentimento de valor não reconhecido muito bem escondido. Eu era orgulhosa demais para admitir que me sentia inferior a qualquer pessoa que passasse por mim. Não tinha a ver somente com beleza, eu me sentia inferior a pessoas bonitas, “feias”, gordas, magras, inteligentes, incultas,  introvertidas, extrovertidas, ricas, pobres, qualquer que fosse. Não tinha tanto a ver com a pessoa que estava fora, mas com a que estava dentro: eu mesma. Eu sabia que me sentia inibida diante das pessoas, eu sabia que eu não conseguia me expressar, que sempre me comparava e preferia ser como o outro, que não enxergava muitos valores em mim e sempre via muito mais nos outros. Nenhum elogio a mim era recebido como algo sincero, na minha percepção, ou era mentira ou mera gentileza. Elogios não eram bem vindos, eles apenas intimidavam e constrangiam. Todos esses aspectos da minha vida pareciam normais até então, inclusive eu usava como justificativa meu próprio temperamento, mas nesse período foi como se Deus lançasse um holofote sobre meu coração para que eu me visse como de fato eu era, sem máscaras. Complexo de inferioridade não tem a ver só com beleza física, tem a ver com tudo, talvez você não se sinta capaz, não se sinta inteligente, amigável, divertida. Pessoas que possuem um temperamento mais introvertido, como é o meu caso, tendem a se sentir assim, no entanto, Deus criou pessoas extrovertidas como Arão e introvertidas como Moisés. O mundo não daria certo se houvesse somente os extrovertidas e nem se houvesse somente os introvertidas. Todos os temperamentos quando usados para a glória de Deus são uma grande bênção e a própria Bíblia nos mostra isso. 
Infelizmente, o mundo sempre nos propõe a vitimização como alternativa: “coitadinha de mim, a culpa é da família, dos amigos, do governo”, no enstanto,  diante de Deus ninguém é vitima, por isso, devemos pedir a Deus que revele o pecado do nosso coração, inclusive aqueles que sequer imaginamos. Essa obra de Deus em nossas vidas é diária e contínua.
Após escancarar isso, Deus começou a tratar esses pecados ocultos em meu coração. As mudanças que ocorreram em minha vida não foram somente internas, eu precisava de algumas mudanças externas também para o meu próprio bem. E que bem isso me fez! Como pessoa e em especial como mulher.
Fui abandonando meus medos, não foi algo instantâneo, mas por graça, Deus me deu muitas oportunidades para fazer coisas que sempre me amedrontaram, coisas que havia deixado de fazer por medo, comecei a ter coragem de dar minhas opiniões, falar em público, cantar, mostrar e usar meus talentos sem medo e sem parecer arrogante,  brincar, rir, fazer coisas bobas que na infância não fiz, desde ir a um parque de diversões, aprender coisas que eu deixei de aprender por medo ou vergonha, pedir perdão, confessar meus erros, correr o risco de errar (por que não?!), correr o risco de passar por uma situação ridícula, rir dos próprios tropeços, rir de mim mesma, perder um pouco do medo de ser julgada e desfranzir a testa pra variar. Eu tinha vinte e dois anos, mas nunca tinha vivido como alguém da minha idade, meu temperamento melancólico gritava para que eu me escondesse numa toca, mas graças a Deus e a ajuda de amigos queridos, fui pelo caminho oposto. Os meses seguintes foram REVOLUCIONÁRIOS (para alguém que nunca fez nada, foram mesmo!), me desafiei a sair do que era cômodo e seguro para mim, fiz novas amizades, investi nas antigas, saí sempre que pude, falei em todas as oportunidades que tive, perguntei sempre que precisei e me abri para as pessoas, parei de me esconder e passei a olhar com bons olhos a pessoa que Deus fez em mim, não porque essa pessoa é melhor que as outras, mas porque Deus a fez singular e toda a obra de Deus é boa! Aprendi a apreciar essa Prisca. Posso dizer que me conheci de fato após esse período, até então eu não sabia quem eu era e tinha muito medo de desagradar e desapontar as pessoas. Esse processo foi fundamental em minha vida. Nada foi fácil, nunca é, mas em meio a situações difíceis Deus nos concede bênçãos maiores e faz tudo valer a pena. Talvez quem me conheceu antes perceba que algo em mim mudou, acho que me extroverti um pouco haha, mas ainda prefiro a calmaria, a solitude, essa é a minha essência, mas somos barro e uma das características essenciais do barro é que passe o tempo que for, ele sempre pode ser refeito, quantas vezes necessário. Não tenha medo de mudar. Essa música foi uma das minhas trilhas sonoras favoritas:
“Estou pensando em mudar
Alguns móveis de lugar
Botar uns quadros novos na parade.
Abrir janelas a tempo trancadas
Jogar algumas coisas velhas fora.
Deixar o ar entrar para arejar a casa.
Viver coisas novas.” (Danni Distler)
Essas mudanças externas foram apenas um reflexo de profundas mudanças internas, minha personalidade, caráter e temperamentos foram muito trabalhados nesse período, e o resultado desses meses de trabalho intenso, é que Deus operou uma verdadeira cura interior em mim, talvez eu não consiga expressar em palavras tudo isso, mas eu não me amava de fato, não me sentia bonita, inteligente ou valiosa, não achava que alguém pudesse de fato me amar (fosse como amiga ou namorada, noiva ou esposa) passei por distúrbios alimentares na adolescência por sempre me comparar aos outros, além problemas com minha auto imagem sem nunca me dar conta do real problema por trás de tudo isso: um coração pecador necessitado de transformação, no entanto, Deus veio e abriu as janelas da minha alma! Ele continua aqui e eu preciso Dele todos os dias para ser quem devo ser.
Em todo momento Deus sempre me lembrava de uma metáfora: a borboleta no casulo. Eu passei meses dentro dele, mas eu sabia que era para melhor. Mudanças NUNCA são fáceis, independente de como elas vêm. Mas uma coisa tenho aprendido: Deus SEMPRE usa o sofrimento para aperfeiçoar os seus filhos, seja ele qual for, uma perda, uma doença, frustração. Às vezes nos sentimos como se um furacão tivesse passado e não sabemos ao certo por onde começar a arrumar a bagunça. Eu não sabia por onde começar, mas eu queria muito mudar e queria muito que Deus me mudasse, no entanto, a mudança é um processo que nos acompanha durante toda a vida, não há como mudar tudo de uma vez e precisamos saber disso e respeitar isso. Deus tem o tempo dele, Ele mais do que ninguém deseja nos mudar, mas Ele fará a seu tempo, através dos anos e das circunstâncias, então, devemos desejar a mudança, mas devemos também ser pacientes. Ele amorosamente vai apontando a seu tempo o que precisa ser tratado. Os erros e acertos fazem parte da matemática divina para um resultado glorioso, todas as etapas da nossa vida são incluídos no cálculo visando o melhor resultado! É preciso  alguns furacões para descobrirmos que as coisas podem ser diferentes, que paredes brancas podem ser pintadas de outras cores. Que não só é possível como é necessário mudar. Posso dizer que um dos propósitos de Deus em minha vida era e tem sido me tornar uma mulher mais segura, confiante e singular.
“Você deve aprender que a rejeição é às vezes uma bênção e não uma maldição”
(A Dama, seu Amado e seu Senhor)
Dou graças a Deus por Ele me permitir ver tantas coisas antes de entrar em um relacionamento perpétuo. Eu de fato precisava saber quem sou antes de construir a vida ao lado de outro alguém. Talvez você também precise. Todas nós precisamos passar por esse degrau, aquele momento que você é arrancada (às vezes brutalmente) da “infância” cor de rosa e colocada diante da vida adulta para que então possa encontrar o equilíbrio entre esses dois mundos. O casulo se torna uma bênção para aqueles que são filhos de Deus, Ele cuida das nossas asas, dá beleza e cores a elas, nos dá alegria, retira os tons cinzentos e traz vida!
“Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados. Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.” (Salmos 84:5-7)
Nesse período li um livro que fez muita diferença para mim, acho que TODAS as mulheres devem lê-lo ao menos uma vez na vida: a Dama, seu Amado e seu Senhor, o mais surpreendente desse livro é que ele foi escrito por um homem! E sinceramente, acho que ninguém poderia ter escrito melhor do que ele, é simplesmente lindo e maravilhoso!
Também assisti um filme muito inspirador chamado “Antes de Partir”, com o Morgan Freeman, é o tipo de filme que te faz chorar e repensar a forma como você tem usado a sua vida. Um presente de Deus deve ser recebido e vivido com alegria.
Por fim, mudanças são dolorosas, mas momentos difíceis são a oportunidade perfeita para melhorias, Deus está fazendo mais coisas do que você pode ver agora, não tenha medos de confiar e mudar! Entregue-se a Ele.
“Toda a disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz FRUTO PACÍFICO aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça”
Com amor,
Prisca

Livro: A Dama, seu Amado e seu Senhor, T.D Jakes
Filme: Antes de Partir

PS: caso você queira descobrir qual o seu temperamento predominante, segue o link de um site cristão muito bom, o questionário é um pouco longo, mas vale muito a pena!
http://www.igrejaboasnovas.com.br/curiosidade7.htm