O evangelho nos livros proféticos: A promessa da redenção

Antes de entendermos a interação do Evangelho com os livros proféticos precisamos saber onde esses livros se encaixam dentro da narrativa progressiva da história do povo de Deus, quem eram os profetas e qual era a sua mensagem.

Os profetas tinham a proclamação da Palavra de Deus como o seu ofício, mas eles não eram simplesmente líderes religiosos no meio do povo. Ouvir um profeta era o mesmo que ouvir o próprio Deus falando as suas próprias palavras, assim como o Senhor falava com Moisés.

A mensagem central dos profetas é Jesus, mais especificamente sua vida, sofrimento e a glória vindoura. Hoje, com a revelação completa, vemos o pleno cumprimento das profecias sobre Jesus nos Evangelhos e aguardamos pela consumação de todas elas na segunda vinda de nosso Senhor.

Revelação Progressiva

Uma das formas de apreciar a beleza das Escrituras é ler a revelação da forma em que ela nos foi dada, entendendo que naquele momento da História isso era tudo o que o povo de Deus sabia.

Vimos anteriormente como o plano divino para a salvação de seu povo pode ser resumido em 4 palavras: Criação, Queda, Redenção e Restauração/Consumação. No Pentateuco enxergamos a criação de todas as coisas, seguida da queda do homem, depravando o que era perfeito e tornando-se necessitado da redenção divina. Ainda em Gênesis temos o que é chamado de “proto evangelho”: a promessa do descendente da mulher que viria para a salvação do povo de Deus. Sendo assim, desde o Antigo Testamento, o povo de Deus já ansiava pelo nascimento de um salvador.

Em seguida, nos livros históricos, acompanhamos a vida de crentes fiéis como Josué, Davi e Daniel, mas também nos deparamos com uma triste realidade em relação ao povo: a nação havia se tornado idólatra, obstinada, e estava se esquecendo da promessa do Senhor.

O reino dividido, oscilava entre reis bons, reis maus e reis péssimos. Nesse contexto, os profetas tinham não somente o dever de falar sobre as coisas vindouras, mas, também, de apontar o pecado dos reis e da nação. Deus usou seus profetas – Elias, por exemplo – para trazer palavras de juízo, apontando para a realidade humana de um coração depravado e necessitado de redenção urgente.

Se coloque, por um instante, no lugar de uma mulher comum de Israel: A nação a qual você pertence está sendo liderada por tiranos, o povo adora e cria ídolos para si, a conquista da terra prometida já aconteceu há muito tempo, o descendente da promessa ainda não chegou e a realidade parece estar culminando para o pior cenário. Em meio a todo esse caos, a resposta para permanecer fiel é confiar nas promessas do Senhor.

Profecias Messiânicas

As profecias sempre estão ligadas ao grande agir de redenção do Senhor.

Isaías é o profeta cujas palavras, a respeito do Messias, são citadas com mais frequência nos Evangelhos. O profeta falou extensamente, mas não exaustivamente, sobre o servo sofredor, descrito com ênfase no capítulo 53. Os crentes do Antigo Testamento não presenciaram a morte de Jesus, nem tinham os seus relatos descritos pelo médico Lucas, mas eles ouviram o Senhor falando através de Isaías antecipando o que aconteceria:

ele foi traspassado por causa das nossas transgressões,

foi esmagado por causa de nossas iniquidades;

o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele,

e pelas suas feridas fomos curados.

Todos nós, como ovelhas, nos desviamos,

cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho;

e o Senhor fez cair sobre ele

a iniquidade de todos nós.

Ao entender corretamente as profecias sobre Jesus, vindas do próprio Deus, devemos enxergar o puro Evangelho e, ao enxergar as boas novas anunciadas pelos profetas, devemos ser motivados à uma vida de esperança confiante na volta de Cristo.

“Os livros proféticos apresentam uma imagem viva de Deus. É o Deus santo (Is), que demonstra sua glória (Ez), o Deus de amor e misericórdia (Os, Jr), pronto a perdoar (Am, Jl). Mas também um Deus que exige fidelidade e que não aceita os desmandos, seja do povo eleito ou dos outros povos (Na, Hab)

Diante deste Deus, que se demonstrou como Santo que acompanha, cheio de amor, a vida de Israel, sobressai, por contraste, o pecado do povo.”

  • Maria de Lourdes Corra Lima*

Como crentes eram salvos no AT?

O fato é que todos nós estamos cientes de nossa pecaminosidade e carência de resgate, mas se Jesus ainda não havia encarnado, como os cristãos do Antigo Testamento eram salvos? Da mesma maneira que nós: pela fé!

Se hoje cremos no sacrifício de Jesus sem termos o visto pessoalmente, “apenas” pela fé no relato das Escrituras, não foi diferente com os crentes do AT, porém, enquanto, a nossa fé está depositada em um fato passado, a deles estava depositada em um fato futuro. Israel olhava com fé para a redenção futura, confiando no mesmo Deus de seus antepassados, com esperanças numa da glória vindoura.

Conclusão

O Antigo Testamento, assim como toda a revelação, aponta para Jesus e conta a história da redenção e de como Deus age ativamente, dirigindo toda a criação com o objetivo de restaurar a comunhão de pecadores com Ele mesmo. Por isso, cada parte da Escritura importa e impacta nossa vida como crentes.

Espero que, ao ver a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas no Antigo Testamento, você seja encorajada a confiar esperançosamente na plenitude do cumprimento das promessas da era vindoura.

*Maria de Lourdes Corra Lima, PUC Rio – Livros Proféticos

http://theologicalatinoamericana.com/?p=1379

Por Lara Sayuri