O culto público e a vida em comunidade são necessários para mim?

“Deus submeteu todas as coisas à autoridade de Cristo e o fez cabeça de tudo, para o bem da igreja. E a igreja é seu corpo; ela é preenchida e completada por Cristo, que enche consigo mesmo todas as coisas em toda parte.” (‭‭Efésios‬ ‭1.22-23‬ ‭NVT‬‬)‬‬‬‬

A cena é clássica: É domingo, são 07:30 da manhã, a cama tão aconchegante, um friozinho lá fora e o seguinte questionamento paira sobre a sua mente: “Preciso mesmo ir ao culto hoje?”.
Não é tentador ficar em casa quando sabemos que na igreja não batemos ponto, não temos um chefe nos esperando e, muito menos, somos obrigadas a estar lá? Se sou salva por graça, preciso mesmo fazer parte, religiosa e frequentemente, da comunhão dos santos?
Sabendo de todos os desafios e questionamentos que o ato de congregar nos submete, quero lhe convidar a entender qual a vontade de Deus para nós quanto à vida em comunidade.

Igreja: Corpo de Cristo

Esta é uma premissa que nos parece repetitiva. Daqueles “clichês” do meio cristão que, de tanto ouvirmos, passamos a não dar a devida importância. Mas esta é uma verdade biblicamente incontestável, quer gostem ou não: A igreja é o corpo de Cristo, e Cristo é o seu Cabeça (Ef 1.22-23; 5.23; Cl 1.18). Juntos, não individualmente, nem sozinhas, somos igreja (Rm. 12:5). Somos um só corpo e esposa dAquele que cumpre tudo em todas as coisas. Mais do que frequentar cultos regularmente – o que é indispensável para a nossa comunhão e crescimento –, somos indissociáveis de Cristo (Jo. 15ss) e, por esta razão, fora deste corpo, não há possibilidade ordinária de salvação (cf. CFW cap. XXV, sessões I e II).

Igreja: Local para aperfeiçoamento dos santos

Não parece engraçado o fato de que o Senhor nos recomende a não deixar de congregar? A igreja está repleta de gente complicada, cheia de pecados e problemas, e este povo, muito provavelmente, seria o primeiro que eu evitaria caso não fosse cristã. Será que Deus está sendo sádico quando convoca o seu povo à comunhão uns com os outros e à adoração pública?
Claro que não! De fato, existem pessoas difíceis na igreja, eu sou a principal delas, mas o Senhor usa este ambiente estritamente comunitário para nos aperfeiçoar (1Co 14.26; Ef 4.11-12). Desde agora até o fim dos tempos, por meio do relacionamento entre os crentes, somos moldados à forma de Cristo (Ef 4.13-16). E isto se torna possível por meio do Espírito Santo que nos disciplina, capacita e torna a igreja eficiente para esse fim (cf. CFW cap. XXV, sessão III).

Igreja: Porta para a propagação do Evangelho e administração dos sacramentos

Lúcia conheceu a palavra de Deus em uma biblioteca. Ao procurar entre as prateleiras algo que lhe enchesse os olhos, avistou uma Bíblia e logo passou a devorá-la. Sentiu um êxtase, o seu coração queimou, logo, entregou o seu coração a Cristo e passou a obedecê-Lo. Até pediu para que a bibliotecária lhe batizasse, sem sucesso.

História incomum, não é verdade? Eu diria improvável.

Uma das funções importantes da Igreja é a propagação do Evangelho (Mt 28.18-20; At 1.8). Por meio das pregações, a Palavra é exposta e alcança pecadores (Rm 10:17). Foi assim por toda a história e o é desde então (At 2.41-42).

Assim também acontece com os sacramentos: Batismo e ceia do Senhor. Após evidências visíveis de que somos salvos, participamos em conjunto destes “rituais”, que, além de serem evidências da nossa salvação, só podem ser administrados por ministros ordenados do Evangelho por meio do culto público (cf. CFW XXV, sessão IV).

Igreja: Imperfeita e feita para pecadores

Uma das justificativas muito comuns entre os que não congregam é o fato de que há muitos pecados e absurdos, considerados encobertos dentro dos muros da igreja. E, apesar da motivação estar errada, essa é uma verdade inegável. Também não podemos negar que existem igrejas inteiras que podem ser consideradas sinagogas de Satanás (Ap 2:9).

Apesar disso, o autor aos Hebreus nos admoesta a não deixarmos de congregar (Hb 10:25). Como não deixar de congregar em um mundo caído, com a igreja repleta de pecadores?
Entendendo que, mesmo “as igrejas mais puras debaixo do céu estão sujeitas à mistura e ao erro; (…) não obstante, haverá sempre sobre a terra uma igreja para adorar a Deus segundo a vontade dEle mesmo.” (CFW XXV, sessão V).

Não deixe de congregar por causa dos erros dos irmãos. Primeiramente, tenha humildade para entender que você também peca, e que o Senhor, providencialmente, separa lugares imperfeitos para que você O adore segundo a vontade dEle.

Dito isto, sabemos que ainda existem infinitas razões para que não abandonemos o culto público e a vida cristã em comunidade. Se você, por alguma destas ou outras questões, está distante ou inconstante presencialmente da sua igreja local, quero lhe propor um desafio: Ore a Deus e peça para que Ele lhe traga à luz as motivações do seu coração. Deixe que o Espírito Santo e as Escrituras lhe revelem a importância de congregar. O Senhor Jesus deu a sua vida pela Igreja, acaso ela não é preciosa o bastante?

Que Deus te abençoe, minha irmã.

Por Ana Carla Gomes.

Referências:

1 ASSEMBLÉIA DE WESTMINSTER. Confissão de fé de Westminster. 18. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 240 p.