Não se acostume com Teologia Fraca – Teologia fraca produz mulheres fracas!

Considero o John Piper um tipo de pai espiritual, isso porque foi ouvindo suas pregações que algumas sementes da Palavra foram sendo plantadas em meu coração, até que senti o desejo de aprender mais sobre o Deus da Palavra. Sei que muitos têm esse mesmo sentimento em relação a esse pequeno grande homem de Deus. Gosto sempre de ouvir e ler o que ele pensa a respeito dos mais diversos assuntos da vida, os livros dele deixaram marcas profundas em momentos importantes da minha caminhada cristã, especialmente nos últimos anos.

Uma das reflexões que mais me marcou logo que comecei a me interessar mais pela Palavra – e abandonar um contexto de ministrações “femininas” que sempre amenizavam os sintomas sem nunca prevenir ou curar a doença – foi o ebook “Verdadeira Feminilidade”, de onde essa frase da foto foi tirada.

Eu sempre fui uma mulher fraca na Palavra. Fraca porque ela não era prioridade pra mim é eu sentia os efeitos disso nos meus altos e baixos constantes. Isso porque eu só recorria à Palavra de Deus de fato, quando a coisa apertava e então torcia pra que algum versículo me saltasse aos olhos logo que eu abrisse a Bíblia (nunca me passou pela cabeça ter um plano de estudo) e quando isso não acontecia eu choramingava porque Deus não me amava… Por muitos anos eu alimentei uma visão romanceada de Deus, na qual eu precisava obrigatoriamente sentí-Lo pela manhã. Isso me dava ânimo pra orar e ler a Bíblia. O grande problema ocorria nos dias em que Deus não combinava com os meus sentidos e eu fatalmente me sentia frustrada e ficava tentando lembrar no que havia falhado. Ficava magoada com Deus e se isso se alastrasse por mais alguns dias o veredito era que Deus não me amava. Por muitos anos sobrevivi nesse ritmo de “bem me quer, mal me quer” e ainda que eu não assumisse em palavras a culpa era sempre de Deus.

Um dia, acordei pra ir trabalhar (brava com Deus porque Ele não tinha me feito sentir nada naquela manhã), mas eu não queria ir trabalhar. Estava com uma enxaqueca terrível (e eu com enxaqueca não sou ninguém), mas, infelizmente, eu tinha que ir trabalhar, SENTINDO vontade ou não. E nesse dia Deus teve um papo sério comigo sobre esse meu sentimentalismo! Lembro exatamente dos pensamentos que me vieram à mente.

A verdade é que em todos os aspectos da nossa vida, há dias que acordamos cantando com os passarinhos, tudo é lindo e SENTIMOS vontade de fazer um monte de coisa, ler a Bíblia, arrumar a casa, ajudar um mendigo e começar a falar outro idioma… Porém, a vida não é um musical da Broadway, portanto, nem todos os dias são assim. Há dias que acordamos de mal humor, cheios de dor, cansados da vida e da rotina, mas nem por isso deixamos de vivê-la. Nós não vivemos pelo que sentimos, se não fosse assim, o mundo já estaria arruinado! Os poucos que vivem baseados em seus sentimentos já causam estrago suficiente! Em outras palavras, mesmo que eu não estivesse sentindo vontade de trabalhar eu SABIA que era necessário levantar da cama e seguir. Meus sentimentos de dor poderiam ter me paralisado, mas não o fizeram porque meu conhecimento, a saber de que eu tinha um emprego e PRECISAVA continuar tendo, me incentivaram a agir. Se eu me levanto pra trabalhar mesmo quando não sinto um desejo voluntário, por que não oro mesmo sem sentir? Por que não leio a Bíblia mesmo sem sentir? Talvez a leitura apresente dificuldades à princípio, mas alguém já desistiu de fazer uma prova  vestibular por causa dos textos difíceis que iria encontrar? Creio que não.

Sentir Deus era só uma justificativa que eu havia criado pra eximir da responsabilidade, e assumir que disciplina devocional não eram prioridade pra mim, pois, buscar a Deus mesmo quando não sinto é reconhecer que embora nem todos os dias eu sinta sede, eu preciso nutrir esse corpo com água, pois é vital e alguns dias sem ela vão gerar efeitos colaterais que não serão nada bons pra mim.

Dito isso, talvez você pergunte: “Certo, mas o que tudo isso tem a ver com Teologia fraca e mulheres fracas?” Bem, o fato é que por muito tempo nós mulheres (principalmente) temos sido ensinadas a viver uma vida de leitura bíblica e oração muito mais sentimental do que real. Estudar a Bíblia com tempo e paciência (ainda que você tenha que acordar 1h mais cedo ou dormir 1h mais tarde), ler bons livros, ouvir pregações, forçar o pensamentos pra temas mais difíceis, porém relevantes pra nossa época, não é “coisa de homem” que quer ser pastor não ou de mulher que tem “chamado específico” (?), é coisa de crente que que anseia conhecer a Deus e crescer nesse conhecimento dia após dia! Falo como alguém que luta contra esse mero sentimentalismo todos os dias e que eestá aprendendo o sentido da frase do John Piper: “Uma teologia fraca produz mulheres fracas”. Sim, uma teologia fraca produz mulheres fracas, basta ir em 9 entre 10 congressos de mulheres, você vai sair de lá cheia de auto-ajuda, vibrante, mas isso só vai durar algumas semanas, ate que você se veja novamente afundada nas mesmas dificuldades. Precisamos de algo mais sólido do que isso, precisamos conhecer as riquezas contidas na Palavra de Deus pra nós. Não estou falando de passar quatro anos numa instituição; Teologia diz respeito ao conhecimento sobre Deus, ainda que não possamos esgotar esse conhecimento ele é fundamentalmente necessário pra uma vida sadia. 

Sofremos mais do que deveríamos por não seguir e aplicar as orientações que Deus já nos deu. Fazer disso uma disciplina não é fácil, exige esforço como qualquer estudo, mas me pergunto: se eu posso me esforçar e investir tempo pra obter o conhecimento sobre tantas coisas passageiras, por que não me  pra obter algo que é eterno? Talvez lá na eternidade não faça muita diferença as lições de álgebra que aprendi, mas certamente fará diferença todo conhecimento sobre Deus (Jo 17:3). 

Fico imensamente grata a Deus e feliz quando vejo mulheres saindo do lugar comum e sendo transformadas pela Palavra de Deus e gostaria muito de incentivar minhas amigas, irmãs cristãs a não se contentarem com mensagens simplistas e vazias “para mulheres”, há livros bons, há boa teologia, ótimas pregações, só é preciso um pouquinho de esforço pra levantar da cama. O que percebo é que quanto menos uma mulher se aplica na Palavra, mais emocionalmente frágil e vulnerável ela se torna. Mas Deus deseja nos tornar mulheres como aquela descrita em Provérbios: 

“Força e dignidade são os seus vestidos , quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações” (Pv 31:25). Posso dizer que à medida que nosso conhecimento sobre Deus aumenta, a fé se torna mais robusta, a vida se torna mais leve, não mais fácil, mas leve.

Conhecer a Deus e prosseguir em conhece-Lo é o maior bem que podemos dar à nossa alma.

Indico a leitura do ebook “Verdadeira Feminilidade” do John Piper, da pra baixar “de grátis” no site do Voltemos ao Evangelho 😉