Não case para ser feliz

Um propósito específico

Quais as chances de um ventilador indicar as horas? Ou de um lápis servir de guarda-chuva? Ou, talvez, um computador te transportar de um lugar para outro?

Se esperarmos isso desses objetos, certamente nos frustraremos, e, no fim, diremos que são inúteis, porque não servem para o que gostaríamos. Nós os julgaremos dignos de serem descartados.

“Já que esse ventilador não marca as horas, ele não serve para mim, não preciso dele.”

“Como assim esse lápis não impede que eu me molhe nessa chuva? Não era isso que eu esperava! Não quero mais esse lápis disfuncional!”

Esse é o problema que encontramos quando damos às coisas funções que não são delas. Criamos expectativas e só encontramos frustração, desespero, sentimento de engano e traição, desprezo.

Nossas expectativas e a fonte de satisfação

Essa é a sensação de muitas mulheres diante da realidade de um casamento “falido”, porque não está cumprindo a função de fazê-la feliz.  A ideia propagada hoje é a de que é normal terminar um casamento, se ele não atinge suas expectativas ou se não te faz feliz.

Porém, nossas expectativas, na maioria das vezes, não correspondem à realidade de Deus.

O Catecismo de Westminster ensina que a finalidade de todo homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Da mesma forma, Paulo fala aos Filipenses que eles deveriam alegrar-se no Senhor, e enfatiza: “Novamente direi, alegrem-se!” (Fp 4.4)

Há uma razão para a Bíblia afirmar diversas vezes que devemos nos alegrar no Senhor (Salmos 32.11; 67.4; 37.4; Lucas 10.20). Isso é um comando para nós, bem como uma garantia de que o Senhor pode, e quer nos alegrar. E Ele deseja que encontremos essa alegria somente nEle!

A Bíblia relata a história de um casal que tinha um casamento em um cenário perfeito, em condições ideais, mas que não foi suficiente para a sua total satisfação, pois procuraram por algo à parte de Deus. Olhemos, juntas, para essa história.

A história de amor e o casamento perfeito

Era uma vez, Adão. Toda a circunstância da vida dele era boa, mas ele ainda não tinha uma mulher. Deus viu que ele precisava de uma companheira, por isso, deu-lhe a mulher mais linda e… perfeita, eu diria. Ela seria, para ele, a auxiliadora capaz para ajudá-lo em todo o trabalho que Deus lhe havia dado. Eva era linda, pura, habilidosa e só dele. Ela, por sua vez, era completa, vivia num lar maravilhoso, com todo tipo de provisão, com o marido ali para ela a todo momento e um ambiente harmonioso ao seu redor.

Mesmo tendo tudo, a mulher passou desejar o que não tinha sido dado a ela. Eva tinha absolutamente tudo que era necessário para sua alegria, conforme Deus havia preparado para ela, mas ela passou a desejar algo fora de Deus.

O pecado de Eva foi a busca de autonomia, a satisfação e felicidade à parte de Deus. Mas, Nele, seus desejos podiam ser satisfeitos, e, fora dele, seus desejos se tornaram rebeldia e desejo por independência. Como isso poderia fazer essa mulher feliz?

Ela tinha tudo, mas duvidou que Deus sabia o que era melhor para ela e duvidou do caráter Dele. Ela não estava satisfeita em Deus, com Deus e com o que Ele havia dado para ela ali naquele jardim. Essa história nos mostra que, nem no Éden, o casamento foi capaz de preencher a mulher de alegria. Porque o fundamento da alegria é o desejar e o usufruir do próprio Deus. O casamento, portanto, não pode ser a esperança de uma mulher.

O fim do “felizes para sempre”

Então, para todas nós a notícia é: o casamento não te fará feliz. Não é para isso que ele serve.

Somente Deus pode te fazer feliz, de um jeito ou de outro, casada ou solteira, com ou sem filhos. Deus conduz a história e ordena os acontecimentos da nossa vida de modo que a imagem de Jesus seja formada em nós (Romanos 8.28-29). E qual alegria pode ser maior do que ser semelhante Àquele que nos salvou e redimiu? Qual alegria pode ser maior do que estar em união com Aquele que tem o maior amor no mundo e já nos mostrou isso (Romanos 5.8)? Finalmente, qual alegria pode ser maior do que começar a desfrutar da Eternidade aqui, através de um relacionamento íntimo com Deus?

Então, querida amiga e irmã, não busque no casamento sua satisfação, sua identidade ou a realização da sua vida. Não foi para isso que Deus criou o casamento. O casamento é uma das formas de manifestarmos a glória de Deus e usufruirmos de Sua graça, mas não a única!

Querida, se você está prestes a casar, case-se para ver Deus sendo glorificado nessa condição de sua vida.

Da mesma forma, moça solteira, viva sua solteirice de forma a glorificar a Deus com ela. Use o tempo que Deus te dá, os recursos e as oportunidades para servir a Ele, porque só você tem as oportunidades que tem hoje.

Se você já é casada, não se surpreenda com frustrações na sua relação com seu marido. Mas, em meio às suas frustrações e pensamentos de “está tudo errado no meu casamento, ele não está me fazendo feliz”, lembre-se que é no afiar do ferro (Provérbios 27.17), na sujeição em amor (Efésios 5.22-24) e na entrega sacrificial para a santificação (Efésios 5.25-27) que o Senhor é mais glorificado. E sim, todos esses processos são dolorosos, mas eles produzem em nós o caráter de Cristo e, só então, mais uma vez, Deus é glorificado e proclamado.

Por fim, gostaria que você pensasse e lembrasse diariamente que o Senhor é a nossa luz e salvação (Salmos 27.1); no Senhor há amor leal e plena redenção (Salmos 130.7); o Senhor nos teceu no ventre de nossas mães de forma maravilhosa (Salmos 139.13-14)… Isso não é suficiente para nos garantir que Ele sabe como nos alegrar? Confie no Senhor, minha irmã, e seja feliz Nele!

Por Melina Marinho.