“Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (I Jo 4:21)
Amar não é só mais uma coisa em nossa lista de “coisas a fazer”, mas é a coisa principal a se fazer. É algo tão vital à vida cristã que testifica se somos, de fato, filhos de Deus: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (I Jo 3:14) O apóstolo João é muito duro ao falar do amor que devemos ter. Esse amor nada tem a ver com o sentimentalismo que esta geração chama de amor. Nada tem a ver com fraqueza. Nas palavras de Tiago Cavaco, o amor é uma força, uma força na qual transpiramos! É um lutar diário, um morrer contínuo, para um viver eterno.
Amar é morrer diariamente para viver eternamente!
Somos chamados a uma imensa responsabilidade: ser portadores do amor de Deus neste mundo.
Deus é manifestado ao mundo através do amor que demonstramos uns pelos outros (I Jo 4:12). Diante disso, a pergunta que devemos fazer a nós mesmos é: que tipo de amor temos demonstrado ao mundo? Será que é o amor de Deus ou um amor genérico, muito parecido com aquele que o mundo professa? É um amor que está na luz ou que está entre sombras? Nosso amor tem sido visto e demonstrado, ou, assim como o mundo, não passa de um discurso bonito, mas vazio?
Ao ler a primeira epístola de João, tenho sido muito confrontada sobre a minha própria fé. É muito fácil nos tornarmos bons oradores, falar da pessoa de Cristo, das doutrinas, das Escrituras, e não ter amor nas questões simples do dia a dia. Que grande desafio nós temos da parte de Deus: amar. Falamos tanto disso, mas na maior parte das vezes não aplicamos isso. Ao fazer isso temos sido apenas como bronze que ressoa e címbalo que retine.
Na realidade, o mundo está sedento de amor. Não um amor humanista, mas o amor Divino que desce dos céus e faz morada no coração dos homens. Quando o mundo pergunta Onde está o amor? Nós deveríamos trazer a resposta, como canta Lucas Souza:
Eis o amor, vasto oceano.
Doce fonte a jorrar.
Quando o Príncipe da Vida
Sangue deu para nos salvar
Deste amor quem não se lembra?
Seu louvor quem cessará?
Pelos céus, dias eternos
Ninguém dEle esquecerá
Sobre o monte do Calvário
Larga fonte se abriu
Mar de graça e piedade
Dos portões de Deus fluiu
Graça e amor qual vasto rio
Flui do alto sem cessar
Paz de Deus, pura justiça
Os perdidos veio amar
Amor tão grande no mundo não há
Outro amor tão profundo não há
Amor como o Teu não há (Eis o amor, vasto oceano, Lucas Souza)
Eis o amor: Cristo. Ele é a fonte inesgotável, a água que saciará a sede do mundo.
As pessoas buscam um falso amor porque isso é tudo o que elas têm, é tudo o que conhecem. Como diz a canção que vimos no início, esse mundo quebrado e sem amor é a única referência que as pessoas têm. Mas, elas precisam de mais. Precisam ouvir falar do vasto oceano do amor de Deus, do vasto oceano da graça, assim como nós um dia ouvimos. A única razão pela qual o amor quebrado do mundo já não nos tem alimentado, é que recebemos uma comida infinitamente melhor.
Minhas irmãs, como cristãs, devemos apontar o amor de Cristo ao mundo. Devemos pregar a Cristo; não falar meramente sobre o amor, mas apontar a fonte e a essência do amor, para que o mundo saiba quem é Deus.
Falar do amor é tarefa nossa e não do mundo. Porém, não devemos apenas falar, mas manifestar esse amor genuinamente. Essa é nossa responsabilidade: pregar o amor. Não um amor fraco e passivo, mas um amor que transpira e luta pela verdade; um amor que é paciente e benigno; que não arde em ciúmes; que não se ufana; não se ensoberbece; não se conduz inconvenientemente; não procura seus interesses; não se exaspera; não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça; mas regozija-se com a verdade; que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Um amor jamais acaba. O verdadeiro e infinito amor de Deus.
O amor é o que há de mais valioso neste mundo. O amor é maior que a fé e a esperança (I Co 13:13), ele é transpõe a vida (I Co 13:3) e até mesmo a morte (Ct 8:6). Somente o amor pode romper o aguilhão da morte. Não por acaso, o sábio escreveu: “o amor é forte como a morte”. As muitas águas não poderiam apagá-lo, nem os rios, afogá-lo; e, ainda que alguém desse tudo quanto possui para obtê-lo, seria desprezado, pois o amor não pode ser comprado, apenas recebido, é um dom.
I Coríntios 13:3 diz “Ainda que eu distribua todos os meus…” Ora, não é exatamente isso que o mundo faz? As pessoas tentam de alguma forma encontrar amor nas boas obras, elas entregam os seus bens, acolhem os necessitados. É possível que elas encontrem reflexos ofuscados de amor nestas coisas, pois elas refletem o amor, mas são coisas passageiras que produzem sentimentos passageiros. Há pessoas vivem uma vida de total abnegação, mas, sem o amor, nada disso tem valor algum. Percebe a triste condição dos homens sem Deus? Não importa o que eles façam, o quanto se esforcem e se dediquem, sem o amor que vem do alto, de nada vale.
Enquanto o mundo tenta dar tudo o que tem para garantir uma porção de amor, a Bíblia aponta que Deus concede o seu amor, gratuitamente, como disse o profeta Isaías “sem dinheiro e sem preço” (55:1).
Quando penso em nossa sociedade atual, imagino um filme pós-apocalíptico, todos querem água e não encontram. Mas, nós temos a fonte (Jo 4:14). O que faremos, então? Deixaremos o mundo padecer de fome e sede?
O amor é o tesouro mais valioso que Deus deixou neste mundo. Um tesouro guardado em vasos de barro: eu e você. Nosso desafio diário é mostrar aos sedentos e famintos onde encontrar alimento para o corpo e refrigério para a alma.
Que em tempos sentimentalismo e pensamentos desconexos, façamos dos discursos aleatórios sobre o amor uma oportunidade de pregar Cristo e apontar o verdadeiro amor.
Que Espírito de Deus nos leve a viver o amor de Deus genuinamente. Que respondamos positivamente ao desafio diário de exercer o amor de Deus neste mundo necessitado. O mundo não necessita de mais amor, meramente, necessita de redenção e isso, só amor de Deus pode conceder. Sejamos porta-vozes desse amor.
Antes de concluir, quero deixar um desafio: Leia a I Epístola de João. Este é um dos menores livros que temos no Novo Testamento, mas é inversamente profundo. Homens que viveram depois do apóstolo João escreveram livros de dezenas e centenas de páginas para falar do amor, algo que, inspirado pelo Espírito Santo, João falou em tão poucas palavras, mas com profundidade sem igual. Faça este favor a si mesmo, não deixe 2018 terminar sem que você tenha lido esta epístola. E, depois, volte e me conte como foi.
Que Deus abençoe e sustente nossas vidas.
Um abraço fraterno
No amor de Cristo,
Prisca Lessa.
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (I Jo 4.10)