.diário.

noteheart-7-blog_largeFinalmente tomara coragem de fazer algo que vinha adiando, remexer naquelas coisas seria como abrir as próprias feridas, feridas essas que vinha tentando curar sem muito sucesso. Era preciso seguir em frente e o primeiro passo era organizar todas aquelas lembranças, as roupas, os livros, os discos; não para afastar as memórias, mas sim tornar todo aquele processo menos doloroso, quem sabe até aceitável. Era necessário ser forte, não apenas por si mesma, que já não tinha forças, mas pelo presente que ele havia lhe deixado.

E foi ali em meio aos livros que encontrou um pequeno caderno encapado de fotos e trechos de músicas que ela conhecia de cor, tão delicado, tão dele. Se perguntou se devia violar aquele objeto secretamente guardado, mas de alguma forma sabia no íntimo que não era por acaso que havia encontrado.

Recolheu-se na cama, ainda vestida com uma de suas camisas, era uma forma de sentí-lo. Abriu o pequeno diário e logo na primeira página leu: “Para meu grande e eterno amor”, aquelas palavras foram como sussuros ao pé do ouvido, como um abraço num dia frio, se encolheu, incapaz de conter as lágrimas que finalmente caíam e num misto de amor e medo teve certeza de que aquilo não estava lá por acaso. Era seu.

Nas páginas do pequeno caderno encontrous as palavras e os versos que ele cuidadosamente lhe escrevera. Absorvida por eles, apenas se deixou levar…

 

[primeira parte aqui]