Carta à um marido recém-pai

Fiquei pensando em como deveria me referir a você, afinal, a mãe que acaba de ter bebê é chamada de puérpera, mas e quanto ao pai, o pai é o que? 

É uma pena que não exista uma expressão para definir um pai em seus primeiros dias. Você está passando por tantas coisas ao se deparar com esse novo e desconhecido universo da paternidade; está experimentando todas as emoções, crises e mudanças que ter um filho nos braços produz. Ainda assim, não sei como chamá-lo, então, vou chamá-lo de recém-pai. 

Eu sei que todo esse universo é muito novo e que você deve estar se sentindo um tanto perdido nessa nova vida com a chegada do bebê. Ao mesmo tempo, você olha para a sua esposa e parece que ela sabe exatamente o que fazer, como fazer e quando fazer. 

Ela parece ter tudo sob controle, não é mesmo? Mas ela também se sente perdida e insegura, provavelmente, bem mais do que você, porém, mal lhe sobra tempo ou espaço para comunicar seus sentimentos — já que as necessidades do bebê tomam conta de cada minuto do seu dia. 

As inseguranças dela não são relacionadas somente ao bebê, mas a uma porção de outras coisas. 

Ela se sente insegura quanto ao seu corpo, no qual ela ainda está tentando se reconhecer, e compreender todas as mudanças que a gestação e o parto ocasionaram. 

Ela se sente insegura sobre como administrar seus sentimentos, num misto de amor, dor, cansaço e determinação.

Nessa fase, inicial, ela tende a projetar praticamente tudo de si sobre o bebê, e talvez você acabe se sentindo um pouco de lado, mas, não se sinta abandonado, é só uma fase, pouco a pouco, ela vai aprender a lidar com tudo isso. 

Seja paciente e compreensivo quanto à vida sexual de vocês, dê tempo ao tempo, mas não deixe de demonstrar que você a ama e a deseja, a despeito de todas as mudanças pelas quais o corpo dela passou. Elogie-a, isso com certeza fará muita diferença pra ela. 

Embora você não possa fazer tanto pelo bebê quanto sua esposa, você pode fazer muito por ela. Cuide dela, atenda-a em suas necessidades físicas e emocionais. Ajude-a com os deveres domésticos, fique com o bebê para que ela possa dormir um pouco mais. Não pergunte se ela precisa de ajuda, mas como você pode ajudá-la. Certamente, ela não precisará pensar muito para te responder.

Pergunte como ela está, atente-se para as suas emoções, dê atenção a ela, pastoreie o seu coração. Pergunte como foi o seu dia, não de forma mecânica, mas com disposição de ouví-la. Ela precisa saber que pode compartilhar tudo com você, desde o cansaço que está sentindo, até um arroto do bebê ou o sorriso que ele deu enquanto ela o ninava à tarde, e que isso importa para você tanto quanto importa para ela. 

Diga a ela que está sendo uma boa mãe, que ela está se saindo bem. Ninguém melhor do que você para lhe afirmar isso e prover segurança a ela nesse início.

E quando o bebê não quiser o seu colo e preferir o da mãe, não se sinta mal, ele só está buscando aquele aconchego familiar do colo da mamãe. 

Seja os ombros dela, ore por ela. Talvez a vida devocional dela fique meio bagunçada por um tempo, mas, compartilhe com ela suas meditações, leia a Bíblia para ela. Alimente-a espiritualmente (e fisicamente, se preciso).

Ah, e lembre-se: você também necessita de apoio. Sei que você entende que precisa ser o apoio para sua esposa, mas não caminhe sozinho, procure um homem cristão, temente a Deus que já é pai para caminhar contigo, compartilhar experiências e te orientar.

Se abra com sua esposa, não fique emocionalmente alienado dela, se conecte. Isso é fundamental para a vida de vocês como casal, afinal, apesar da chegada do bebê, vocês são um e devem zelar por essa união acima de tudo. 

Não deixem de desfrutar da companhia um do outro, comer um lanche a dois enquanto o bebê dorme, uma pipoca assistindo alguma coisa. Não importa, desde que possam desfrutar de pequenos momentos na companhia um do outro. 

Não subestime o seu valor como pai, nem a importância do seu papel. Não seja coadjuvante. Mais do que nunca, nesse momento, você é fundamental para sua esposa, para o seu bebê e para que a sua família se sinta segura. Você é o suporte deles.

Como esposa e mãe de um bebê de poucos meses, sei dizer o quão fundamental tem sido a presença e o apoio do meu marido nessa jornada. Sem ele não conseguiríamos.

Mas, infelizmente, muitos maridos acabam ficando do lado de fora desta equação, deixando suas esposas passarem por essa jornada basicamente sozinhas, e muitos casais se distanciam pela falta de diálogo e comunhão intencional. Por isso escrevo estas palavras, não como uma crítica, mas como um consolo e um encorajamento para que você, marido, e agora pai, sirva e continue servindo a sua família, em amor.

Oro para que Deus te conceda a graça necessária para ser um líder amoroso para a sua família, pois ela conta com você.