Em conversa com algumas adolescentes nas últimas semanas, pedi que me dissessem uma meta que tinham para 2024 e uma para os próximos anos. Elas responderam o que eu esperava ouvir: seus desejos universitários, planos profissionais, a vontade de casar e formar uma família. Mas a resposta de uma delas me chamou a atenção. Ela suspirou e respondeu: “Nesse ano e em todos os próximos eu quero conhecer a vontade de Deus e desejá-la, porque dessa forma eu sei que estarei satisfeita”.

Eu estava naquela conversa para ensiná-las, mas percebi que o Senhor já estava trabalhando no coração delas. Fui lembrada, por aquela devoção sincera e tão jovem, como minha meta número um nesse e em todos os anos deve ser conhecer a Deus e desejar viver a vida que Ele tem para mim.

O conhecimento de Deus, no entanto, não deve ser considerado algo a ser buscado misticamente ou através de conclusões às quais chego a partir da observação do mundo. O Senhor decidiu se revelar a nós descrevendo Seu caráter, atos e propósitos por meio de histórias, cartas, profecias e poesia — tudo isso reunido nas Escrituras Sagradas. Como Deus quer que o conheçamos, Ele se apresenta a nós através da Sua Palavra e nos dá do Seu Espírito para que esse conhecimento gere frutos de arrependimento e salvação.

Mas não apenas para salvação, senão o conhecimento de Deus seria necessário só para o incrédulo. Para o crescimento em santidade, sabedoria e, principalmente, em amor ao Senhor, precisamos ser alimentadas pelas verdades das Escrituras, desafiadas e encorajadas por elas todos os dias.

Sendo assim, quero apresentar duas listas para vocês. Uma com algumas convocações que foram feitas a nós, crentes em Jesus, e uma com formas práticas de crescer nessas áreas.

Fomos chamadas para:

1. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.” (Mateus 11:29): Jesus faz um convite às pessoas que andavam sobrecarregadas pela responsabilidade de cumprir a lei, pois entendiam que assim poderiam ser justificadas diante de Deus. Ele convoca os crentes a se submeterem ao Seu senhorio e aprenderem diretamente com Seu coração manso e humilde, porque, assim, suas almas encontrariam descanso. Não poderíamos encontrá-lo sob o jugo e o senhorio de outros homens, apenas em Jesus. Como me submeter e aprender com Ele sem conhecê-lO?

2. “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.” (Hebreus 2:1): o autor de Hebreus, após falar sobre Jesus ser a revelação do próprio Deus, nos exorta a prestarmos atenção a Ele. Jesus é o alvo de nossa atenção, devoção e busca por ser a expressão física e humana de Deus. Só o conhecendo é que estaremos aptos a não nos desviar do caminho.

3. “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1:14-16): Pedro chama os crentes a viverem uma vida de obediência a Deus, através da renúncia a seus desejos naturais do coração e do desenvolvimento de uma vida de santidade. Ele nos lembra que a santificação do crente é fundamentada pela santidade do Deus a quem servem. Como moldar meus desejos e torná-los santos?

Crescendo nessas áreas:

1. Oração incessante: impossível acreditar que poderíamos crescer nessas áreas pelos nossos próprios esforços. Seria como acreditar que consigo, por minha simples vontade e dedicação, fazer meu corpo físico se desenvolver como desejo. Para o crescimento na fé, devo contar com o agir do Espírito Santo e Seu poder transformador sobre minha vida. O crescimento do crente em fé e santidade não acontecerá à parte da dependência de Deus. Por isso, a prática constante da oração — reconhecendo nossa insuficiência e dependência de Deus, bem como pedindo que Ele nos fortaleça e transforme — é fundamental para nossa caminhada cristã. Apenas com o auxílio do Espírito Santo teremos nossos desejos transformados, nossas mentes moldadas e nossos corações purificados.

2. Estudo diligente das Escrituras: considerando que temos a presença e o agir de Deus em nós, devemos ser diligentes e constantes também no estudo da Sua Palavra. Se Ele escolheu se revelar a nós desse modo, nosso dever é perseguir e apreender todo conhecimento apresentado ali. A decisão diária por descobrir mais de Deus através das Escrituras também exige disciplina e dedicação.

3. Meditação constante na verdade do Evangelho: o estudo das Escrituras não pode se tornar apenas uma prática sistematizada, mas deve compor nossa rotina diária de devoção a Deus. O conhecimento teórico não é suficiente para que desfrutemos a plenitude da mensagem do Evangelho. Precisamos nos exercitar nessa verdade, meditar até que ela permeie todas as áreas de nossa mente e coração. A simples ciência de que Deus é bom não é capaz de nos fazer confiar nessa bondade nos dias maus. Contudo, meditar nisso e em como se aplica às nossas vidas, nos faz passar pelo sofrimento confiando que Ele, em Sua infinita bondade, cuida de nós, nos guarda e nos dá o consolo necessário para esses momentos.

As práticas sugeridas, são hábitos fundamentais para nosso desenvolvimento. A vida cristã saudável exige disciplina, dedicação e diligência. Assim como o crescimento de nossos músculos, ou a aquisição de novos conhecimentos e habilidades exige esforço e repetição, desenvolver uma vida de devoção e piedade também requer essa dedicação.

Isso não faz do desenvolvimento da vida cristã algo material demais ou exclusivamente humano. O Senhor é quem dá crescimento a nós, e é pelo Espírito dEle que podemos ser transformados. Mas, uma vez salvos e redimidos em Cristo, já podemos ter a certeza de que o Espírito Santo está atuando em nossos corações, produzindo a vontade e a transformação de fato. Por certo, o Senhor faz Sua obra, mas cabe a nós trabalharmos de forma diligente, usufruindo dos instrumentos que Deus nos dá e das oportunidades que temos de ser cada dia mais próximas de Deus e mais parecidas com Jesus.