Vivemos em um tempo onde ideologias como o feminismo têm empurrado para a sociedade contemporânea uma agenda que nos faz pensar que somos tão fortes e tão independentes que já não precisamos de homens, família e que dirá Deus. Principalmente o Deus cristão que “oprime mulheres e as deixa subjugadas a dogmas retrógrados e limitantes, perpetuando o patriarcado em nossa cultura”.
O lema de hoje é “meu corpo, minhas regras”. É isso que tem sido declarado em manifestações pró aborto. É isso que temos ouvido de mães, com casamentos frustrados, aconselhando suas filhas: “Trabalhe minha filha, para que você nunca tenha que depender de um homem. Não cometa o mesmo erro que sua mãe cometeu.” Essa é a imagem da mulher empoderada de nossos tempos. E é assim que sido difundida a tirania da alter-referência em nossas comunidades e dentro de nossos corações.
A tirania do “devo ser o que os outros dizem que devo ser” é o que vemos em diversas agendas políticas que ditam como devemos ver a nós mesmas, aos homens, à família e a Deus. À direita e à esquerda, em filmes ou em nossos trabalhos, estamos sendo condicionadas a pensar que o que ‘eles’ têm dito é a verdade, uma verdade acima de qualquer suspeita e questionamentos.
Mas não é assim que a Bíblia nos ensina. O primeiro sintoma de um coração idólatra é o autoengano. Veja, foi assim com Eva. No jardim, Eva não quis aceitar o que Deus tinha dito a respeito dela, ela preferiu a nova referência que a serpente trouxera. Eva foi a primeira pessoa a se render à tirania do outro. A tirania do “serei assim porque este é o padrão que você (serpente) estabelece para mim, e não Deus”. O que a serpente tinha a dizer a respeito dela pesou mais do que a referência do próprio Deus. Para isso, ela teve de convencer a si mesma a primeiro dar ouvidos à serpente para, então, agir de acordo com essas novas referências.
A alter-referência, no contexto feminista de nossos dias, nos faz crer que nós, mulheres, somos mais fortes. Que estamos melhores sozinhas. Mas esta é uma grande mentira, uma cilada. A verdadeira “cilada do inimigo”.
Meu convite a você, querida leitora, é que atendamos ao chamado de nosso Criador, nos rendendo à sua doce soberania; que atendamos a voz do nosso feitor e reconheçamos nossa fraqueza.
Ontologicamente, somos fracas pelo simples fato de termos sido criadas, temos uma origem e isso já expressa a nossa limitação. Apenas Deus não tem origem. Isso deveria ser evidência suficiente para nos convencer de toda a nossa pequenez.
O papel da boa teologia, de uma teologia sólida, é nos conduzir de joelhos, em redenção ao centro de toda teologia: Deus, esse grande dramaturgo, que revelou nas Escrituras o drama da salvação. Um Deus que, insistentemente, vai atrás de seus inimigos para fazê-los filhos. Esse movimento de tirar os olhos de nós mesmas e olhar para o Deus revelado em sua Palavra faz com que o jugo da alter-referência seja despedaçado. Ao abraçarmos nossa identidade em Cristo somos libertas de toda e qualquer ditadura que tentam impor sobre nós para nos convencer de uma força que não está em nós.
Mulheres fracas e uma teologia forte
Gostaria de destacar a história de algumas mulheres que diante de suas fraquezas puderam experimentar a força de Deus.
Logo em Gênesis, nos deparamos com um cenário de contraste muito interessante. A história envolve Sara, Abraão e Agar. Sara, em sua desobediência, entrega sua serva para que seu marido se deite com ela e assim possa gerar filhos em seu nome. Abraão a ouve e assim faz. Algum tempo depois, Agar se descobre grávida e a Bíblia relata que “vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.” (Gênesis 16:4) “Sarai, por outro lado, afligiu Agar a tal ponto que esta fugiu” (Gn 16.6b). Neste encontro, Deus manda que Agar volte para Sara e se submeta a ela. E qual a resposta de Agar? “Tu és Deus que me vê.” (Gênesis 16:13) Ela se deparou com a força do Todo-Poderoso em sua fraqueza.
Mais adiante nos deparamos com Rute, que tomou sobre si a responsabilidade de prover para sua sogra e se entregou diante do Deus de Noemi. Rute foi fiel à sua sogra, em posição mais frágil do que a dela, e obediente às instruções de Noemi. Nesse cenário Deus enviou um resgatador, Boaz, a partir de quem viria a linhagem de Davi e consequentemente, a de Cristo.
Por fim, não nos esqueçamos de Maria que, ao se ver grávida e angustiada devido às implicações morais e sociais que isso acarretaria, diante da conversa com o anjo enviado pelo Senhor, declarou com firmeza: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lucas 1:38). Que declaração impactante!
Somos fracas, e só quando admitimos nossa fraqueza é que somos capacitadas pelo Espírito a reconhecer a força que está em Deus. Quando nos reconhecemos fracas, admitimos a necessidade que temos de um salvador e redentor. Uma teologia forte nos conduz a tirar os olhos de nós mesmos. Teologia forte é aquela que nos conduz a abnegação e sacrifício em honra e glorificação de Deus através de nós. Exatamente como o nosso Jesus Cristo, que padeceu em uma cruz para fazer seus inimigos, filhos, por meio de seu sacrifício e abnegação.
Meu convite, querida irmã, é que tenhamos uma teologia forte pregada em nossos corações para que no dia mau possamos responder com obediência, persistência e fé (2 Timóteo 3:14-15)
“Teologia fraca não dá a uma mulher um Deus grande o suficiente, forte o suficiente, sábio o suficiente, bom o suficiente para lidar com as realidades da vida de maneira a capacitá-la a magnificá-lo e a seu Filho o tempo todo.”
John Piper, Conferência TrueWoman de 2008.
Em Cristo.
Por: Amanda Ribeiro