Teologia e Piedade

Querida irmã,
Talvez você ache que a Teologia é somente pastores e líderes, ou as irmãs que lideram seu discipulado ou algum outro ministério na igreja. Mas, a verdade é que a Teologia também é para você. Você faz teologia a todo momento: enquanto prepara seu café e o da sua família, enquanto vai pra faculdade, quando dirige seu carro e talvez decida se vai dar uma carona ou não. Você faz teologia ao cuidar de algum parente doente ou quando vai participar de uma festa de casamento.
Sabe por que eu afirmo isso? Porque, percebendo ou não, seu dia é permeado de circunstâncias e decisões nas quais você considera princípios de vida, dignidade humana, atos de serviço, ou o quanto você valoriza seu progresso profissional. Todos fazemos teologia o tempo todo porque estamos lidando com o mundo de Deus e a vida que Deus criou.

O fato de não nos lembrarmos constantemente com o que ou quem estamos lidando, não muda o fato de que estamos lidando com algo ou alguém. Então, estamos a todo tempo nos submetendo, gerindo e vivendo a realidade de Deus.
Naturalmente, por causa da queda, a forma como desenvolvemos a nossa Teologia foi radicalmente afetada, contudo, em Cristo, somos renovadas e capacitadas a viver de modo coerente com as verdades eternas. Por isso, meu objetivo aqui é te incentivar a ser a melhor teóloga que puder, exatamente aí, na sua esfera de atuação, seja ela qual for.
No início da carta que escreveu para Tito, Paulo se apresentou da seguinte forma:

 
“Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade que conduz à piedade; fé e conhecimento que se fundamentam na esperança da vida eterna, a qual o Deus que não mente prometeu antes dos tempos eternos. No devido tempo, ele trouxe à luz a sua palavra, por meio da pregação a mim confiada por ordem de Deus, nosso Salvador.” (Tt 1:1-4)

Estou partindo do ponto de que, numa definição bem simples, Teologia é o estudo de Deus. Sendo assim, há duas afirmações muito importantes nesses versículos:
1) a fé e o conhecimento da verdade conduzem à piedade;
2) essa fé e conhecimento que conduzem à piedade se fundamentam na esperança da vida eterna.


P aulo aqui declara que sua missão de compartilhar a verdade e levar os eleitos de Deus ao conhecimento é uma parte do caminho que conduz à piedade e, portanto, à devoção. Quem diria, não é? Como o conhecimento pode levar à uma prática que soa tão “emocional”? Mas a verdade é que o conhecimento de Deus, seu caráter e suas obras é tão profundo que é capaz de mexer com as nossas estruturas e romper o pecado que há em nós e produzir um genuíno anseio pela divindade, pelo próprio Deus. Portanto, sim, o conhecimento de Deus é o perfeito caminho para a piedade cristã.

Conhecer mais do Senhor nos lembra quem nós realmente fomos criadas para ser e nos mostra esse caminho de plena comunhão e amizade com nosso Criador, mesmo que ainda de maneira incompleta aqui na terra. Por isso o conhecimento da Palavra é tão importante, pois:
1) ele nos faz conhecer mais e mais nosso Criador;
2) ele nos aproxima de quem realmente fomos criados para ser;
3) ele nos conduz à piedade.
Mas, veja que a preocupação de Paulo também estava no tipo de conhecimento, pois, o único conhecimento que conduz à verdadeira piedade é aquele que se fundamenta na esperança da vida eterna. Um conhecimento que se limita a questões temporais e finitas é inútil se ele não aponta para Deus. Uma busca genuína pelo conhecimento de Deus nos faz entender o mundo ao nosso redor.


A Palavra de Deus, é o que nos permite fazer teologia da forma mais excelente possível, pois ela é a revelação de Deus sobre si mesmo, sobre nós e sobre seus propósitos eternos. E que privilégio é ter essa revelação do próprio Deus para nós!
Por fim, querida irmã, meu convite é que você considere a importância do conhecimento de Deus para todas nós, independente das limitações que você julga ter. Seu intelecto também pertence a Deus e Ele pode e quer redimi-lo. Porque a teologia não é só o estudo sistemático de muitos livros acadêmicos e línguas originais, é isso também, mas é, principalmente, o profundo deleite na Revelação do Deus do Universo. Não tenha medo de mergulhar fundo nas Escrituras e conhecer mais desse Deus. Permita que o profundo conhecimento de Deus transforme a sua vida de modo radical. Não se limite. Como bem disse C.S. Lewis: “Seja boa, doce menina, e não se esqueça de ser o mais inteligente que puder.”


Por Melina Marinho