POR QUE SOMOS PROTESTANTES?

SOLA SCRIPTURA

Um dos debates centrais da Reforma Protestante foi a questão da autoridade das Escrituras. Primeiramente, o cerne deste era se a Escritura tem maior autoridade ou a mesma autoridade que as tradições da Igreja.

Lutero foi contra a ideia católica de que as verdades do evangelho são encontradas em parte na Escritura, e em parte na Tradição, como se afirmava. E argumentou que a Escritura somente, e não papas ou concílios, era a autoridade final para a fé e a prática.

Em 1521, a famosa Dieta de Worms foi convocada para resolver a crescente disputa teológica entre Lutero e a Igreja. O reformador foi levado a depor perante o imperador, bispos e cardeais de Roma.

Quando persuadido a se retratar acerca de seus ensinos, ele pronunciou uma de suas frases mais célebres: “A menos que eu seja convencido pelas Escrituras e pela razão pura e já que não aceito a autoridade do papa e dos concílios, pois eles se contradizem mutuamente, minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Eu não posso e não vou me retratar de nada, pois não é seguro nem certo ir contra a consciência. Deus me ajude. Amém”.

Lutero compreendeu que a autoridade da Igreja e a autoridade das Escrituras estavam em confronto direto, e que teria de escolher entre ambas. E escolheu a Escritura.

Um segundo aspecto do debate foi sobre como interpretar a Bíblia.

“A tarefa de interpretar a Palavra de Deus de forma autêntica foi confiada unicamente ao magistério da igreja, ou seja, ao papa e aos bispos em comunhão com ele” (Catecismo da Igreja Católica, §100, 1992).

Enquanto a Igreja Católica Romana afirmava, o seu direito exclusivo de interpretar a Bíblia para os leigos, os reformadores argumentaram que o Espírito Santo capacita cada crente para interpretar a Escritura de forma responsável e correta.

De fato, a Igreja Católica Romana reivindica, ainda hoje, o direito exclusivo de interpretar o significado dos textos bíblicos. Segundo seu argumento, a Escritura precisa ser interpretada de acordo com a Tradição.

A Igreja Romana também reivindica que a Escritura recebeu a sua autoridade, em primeiro lugar, da própria Igreja.

Ao passo que nós cremos que a Igreja é que recebe a sua autoridade da Escritura, de modo que, ela deve estar sujeita a autoridade da Palavra, e não o contrário.

Ao afirmar o Sola Sriptura os reformadores deixaram para a Igreja Protestante o legado de que a nossa escolha é sempre em favor da Escritura. Somente a Escritura é a nossa autoridade máxima e suprema.

Em nossos dias, ainda lidamos com a tradição dos homens tentando se colocar como autoridade suprema sobre a Escritura. Em tempos de redes sociais, vemos muitas pessoas recorrendo a líderes, e não à Bíblia, para saber como proceder.

Até a Reforma, os cristãos basicamente não tinham acesso a Bíblia em sua língua materna e dependiam da interpretação de outras pessoas para conhecerem e entenderem a vontade de Deus.

Mas, pela graça de Deus, o Senhor levantou homens como Martinho Lutero, e tantos outros, para traduzirem a Bíblia na língua do povo, permitindo assim, que cada cristão pudesse ter acesso à verdade sem intermediação.

Portanto, não devemos negligenciar o privilégio que temos de poder ler a Bíblia. Ao invés de gastarmos tanto tempo buscando, em pessoas, respostas sobre certo ou errado, nas redes sociais, busquemos a vontade de Deus em sua Palavra.

Além disso, precisamos lutar contra a tentação de exaltar a experiência acima da autoridade da Escritura. Hoje em dia, a preferência pessoal e a experiência têm sido a palavra final. Questões éticas estão sendo decididas com base naquilo que gera mais simpatia, e os dilemas individuais estão sendo determinados com base nos sentimentos das pessoas.

Cada vez mais a subjetividade está tentando imperar sobre a objetividade da Escritura. Precisamos retomar a autoridade da Escritura. A Bíblia é mais verdadeira do que qualquer ensinamento ou sentimento humano.

Cristo reina mediante sua Palavra, lida e pregada. Que a nossa vida pessoal e em comunidade sejam regidas, tão somente, por Cristo mediante a sua Palavra.

“Nenhum dano maior pode acontecer a um povo cristão do que ter a Palavra de Deus tirada dele, ou falsificada de maneira que ele não mais a tenha pura e clara. Que Deus conceda que nós e os nossos descendentes não sejamos testemunhas de tamanha calamidade”. — Martinho Lutero

Sola Scriptura!

Bibliografia:
Guia de Estudos 5 Solas, CFL, Editora Fiel;
Por que a Reforma ainda é importante?, Michael Reeves e Tim Chester, Editora Fiel.