EU DEVIA ME CASAR AMANHÃ – quando os planos de Deus não são os nossos

Eu devia me casar amanhã.
Sim, dia 04/07/2020, foi data escolhida para o nosso casamento. Mas, quem diria que o mundo passaria por tantas crises até que esse dia chegasse? Nem em nossas conversas mais pessimistas teríamos imaginado tantas mudanças, lágrimas, angústias e incertezas. Muitos planos foram desfeitos, outros foram modificados, ajustados, minimizados ou enxugados. Os sonhos com flores e grinaldas foram invadidos por máscaras, álcool em gel e distanciamento de cadeiras.
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Relutamos, ou melhor, eu relutei. Até o último instante, meu otimismo se manteve firme: “até julho tudo terá voltado ao normal, vamos manter a data sem nenhuma alteração”. O tempo foi passando e, como podem perceber, minhas previsões falharam miseravelmente. Havia duas opções: manter a data e realizar uma cerimônia com cerca de dez pessoas ou adiar e reestruturar algumas coisas. Eu estava muito mais propensa à primeira opção, mas, no fim das contas, percebi que precisava ceder e atender à voz do meu noivo e de nossa família.
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Assim, decidimos adiar o casamento para setembro. Confesso que me senti fraca ao fazer isso, parecia que eu não estava sendo suficientemente espiritual. Eu temia que o adiamento soasse como uma demonstração de falta de fé, não me parecia ser algo muito “de Deus” para o momento. No fundo, eu acreditava que realizar o casamento em julho resultaria em um testemunho muito mais bonito, para a minha própria glória. Ainda que ninguém visse esses pensamentos e sentimentos, Deus conhece os nossos ídolos, e Ele os destrona, não tenho dúvidas disso.
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Quando os planos de Deus não são os nossos, precisamos renunciá-los e abraçar os planos que Ele tem para nós. Creio que na maioria das vezes não é sobre os nossos planos – Deus não se opõe a eles, necessariamente, por vezes, eles são até bons – mas, é sobre o nosso coração.

Para Deus casar em julho ou setembro não é o ponto em questão, nunca foi – são só dois meses, no fim das contas – o ponto é que Deus faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam e foram chamados segundo seu propósito: nos conformar à imagem de Cristo.
Se para nos conformar à imagem de Cristo Deus tiver que mudar a data do nosso casamento, Ele o fará. Contudo, se para nos conformar à imagem de Cristo Deus tiver que manter a data do nosso casamento e modificar toda a estrutura que sonhamos e planejamos, Ele também o fará; porque o fim de todas essas coisas é cooperar para o nosso bem maior: nos conformar à imagem de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não é sobre os nossos planos.
Quando os planos de Deus não são os nossos, Ele nos convoca à auto renúncia, renunciar a si mesmo, tomar a cruz e segui-lo. O processo é doloroso, é verdade, mas o fim é glorioso. Não a glória que desejamos para nós mesmas, mas a glória que Deus deseja receber a partir de nós. Se o casamento manifesta a glória de Cristo, que essa glória seja vindicada, já, enquanto caminhamos para ele. Se o casamento manifesta a glória de Cristo, que Ele seja glorificado conforme o desejar. Que nossos buquês, vestidos e grinaldas sejam colocados a serviço de sua glória. Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória (Sl 115:1)