Feminina ou feminista?

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“Como a água está para o peixe, o feminismo está para o mundo em que vivemos! Ele está em toda parte ao nosso redor.” Esta citação é do livro Feminilidade Radical, da autora Carolyn McCulley, ele trata de um tema bem atual: Feminismo. Você já ouviu falar dele? O que pensa a respeito?

Eu sou uma jovem de 27 anos que cresceu numa sociedade moldada pelo pensamento feminista. Mas, sinceramente, se aos 22 anos de idade alguém tivesse me perguntado o que é feminismo eu não saberia responder, pois, até então, eu nunca tinha ouvido esse termo. Contudo, hoje o feminismo está muito mais evidente em nossa sociedade. É quase impossível que você nunca tenha ouvido falar dele.

Como meninas cristãs, não podemos simplesmente abraçar movimentos que surgem por aí só porque são populares, ou porque nossos amigos estão aderindo. Precisamos ter maturidade para refletir sobre tudo o que vemos, lemos e ouvimos à luz da Bíblia. Por isso, convido você a se juntar a mim para refletirmos juntas sobre o que é o Feminismo e qual deve ser a nossa postura cristã em relação a ele.

Se você fizer uma pesquisa rápida na internet sobre o que é o feminismo, encontrará basicamente a seguinte definição: o feminismo é um movimento que defende a igualdade de direitos entre mulheres e homens. Esta é uma definição bem geral e, a princípio, não parece contrariar aquilo que cremos enquanto cristãs, pois a Bíblia nos mostra que em determinados aspectos homens e mulheres são iguais (Gn 1:26-27). Mas a Bíblia não para aí, ela diz que, se por um lado homens e mulheres são iguais, por outro eles são bem diferentes, porque Deus deu a eles propósitos diferentes (Gn 2:18; Gn 3:20). Vamos falar melhor sobre isso mais adiante.

À primeira vista, o feminismo parece propor uma igualdade entre homens e mulheres, mas, a realidade é que sua proposta central é desconstruir qualquer ideia de feminilidade. Segundo acredita o feminismo, a feminilidade tem oprimido as mulheres em uma condição de inferioridade ao longo da história.  Muitas vezes, o feminismo acusa a Bíblia de promover a opressão contra a mulher por meio de ensinamentos como a submissão, o casamento e a feminilidade. Para que não sejamos enganadas precisamos ter bem claro em nossas mentes no que o feminismo se opõe à Bíblia.

 O papel da Mulher

 O feminismo afirma que o casamento, a família e os papéis sociais, desempenhados por homem e mulher, foram impostos pelo machismo. Como cristãs, nós não cremos assim, pelo contrário, cremos que estes papéis foram idealizados por Deus desde a criação do mundo.

“Disse mais o Senhor: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2:18). Tudo que Deus havia feito era bom, mas Deus disse que não era bom que Adão estivesse sozinho no jardim. Ele precisava de alguém, uma companheira que o auxiliasse, por isso Deus designou a mulher, para ser auxiliadora.

Na nossa cultura o termo auxiliar nos remete a algo inferior, com menos valor, mas não é assim que Deus vê. Ser auxiliador é algo tão valioso que o próprio Deus em diversas passagens bíblicas se designa como o auxiliador do seu povo[1]. Deus não criou a mulher para exercer um papel menos importante, mas um papel por meio do qual ela reflete a glória de Deus.

Igualdade x diferenças

 Deus criou a mulher para ser uma auxiliadora idônea. Isto significa alguém correspondente, igual. Homens e mulheres são iguais porque possuem a mesma essência, compartilham da mesma raça e carregam a imagem e semelhança de Deus.

Por outro lado, ao criar Eva, Deus também criou o casamento, a família e designou os papéis que cada um deles deveria cumprir. Nesse sentido homens e mulheres são diferentes, pois possuem papéis diferentes. Ao homem, Deus deu o papel de liderar, cuidando e protegendo, enquanto à mulher Deus deu o papel de auxiliar, sendo submissa.

Independência, já!

 O feminismo prega que a mulher deve ser independente do homem e considera o casamento um retrocesso, porque ao se casar a mulher se torna dependente do homem. Porém, a Bíblia diz que “No Senhor […] nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher” (I Co 11:11). Deus dotou o homem e a mulher com dons diferentes para que juntos pudessem cumprir a missão de crescer, multiplicar e cultivar a terra.

Deus não nos criou para sermos independentes uns dos outros, mas complementares para juntos construirmos uma sociedade mais saudável para todos.

 Meu corpo, minhas regras.

 O feminismo tem uma máxima que diz “Meu corpo, minhas regras”. Com isso ele defende que a mulher tem total autonomia sobre o seu corpo, ela pode fazer o que bem entende com ele e não deve nenhuma satisfação a ninguém quanto a isso. Mas, a Bíblia mostra uma visão totalmente diferente sobre isso: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? […] glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” (1 Co6:19,20). Para Deus o nosso corpo não nos pertence, pertence a Ele, e por isso, é Ele quem estabelece as regras que devemos seguir. Ao declarar “meu corpo, minhas regras” as feministas estão negando a autoridade de Deus sobre suas vidas.

Submissão

 É muito comum ouvir feministas dizendo que a Bíblia é um livro machista porque fala de submissão. Aliás, a submissão é uma palavra que as feministas não gostam de ouvir nem de longe! A Bíblia, por outro lado, não vê a submissão como algo ruim, muito pelo contrário! A submissão é uma das umas das expressões mais lindas do amor que temos por Deus, pois Jesus, sendo Deus se submeteu ao Pai em todas as coisas e foi obediente até a morte e morte de cruz (Fp2:8; 1 Co 15:28). Ele é o maior exemplo e submissão que a Bíblia nos dá e devemos nos espelhar em sua atitude de humildade. Exercer a submissão de modo nenhum torna a mulher inferior, muito pelo contrário, ao fazermos isso nos tornamos mais parecidas com Jesus. A submissão não é um castigo, mas um privilégio de Deus para nós!

Machismo e opressão

Não há como negar que a opressão e o machismo contra a mulher existem; e reconhecer isso não nos torna feministas.

O ideal bíblico sempre foi uma liderança amorosa e humilde por parte do homem e uma submissão alegre e gentil por parte da mulher. Porém esse ideal foi subvertido quando o pecado entrou no mundo. O pecado produziu um desequilíbrio no ambiente e nas relações harmoniosas criadas por Deus. O machismo e a opressão contra as mulheres são resultados desse desequilíbrio.

Como cristãs devemos nos posicionar contra os abusos, a discriminação, as injustiças; não somente contra a mulher, mas contra todos, pois diante de Deus homens e mulheres são dignos de cuidado e respeito. Onde houver erros eles devem ser combatidos, e onde houver injustiças elas devem ser denunciadas. Mas, não é preciso ser feminista para lutar contra essas injustiças. Nossa bandeira é muito maior que o feminismo, devemos ser defensores dos valores divinos para toda a humanidade.

Feminina ou feminista, posso ser cristã e feminista?

Não há como abraçar 100% a Bíblia e 100 % o feminismo, pois, eles caminham em direções totalmente opostas. O discurso feminista exige uma igualdade total entre homens e mulheres, anula os papéis designados por Deus para homens e mulheres e relativiza o casamento e a família – que é o núcleo que Deus estabeleceu para a construção de uma sociedade.

Deus nos criou para sermos um tipo de mulher muito diferente daquele que o feminismo diz que devemos ser, por isso, não podemos deixar que o feminismo dite a nossa conduta. Como disse Elisabeth Elliot: “O fato de ser mulher, não me torna um tipo diferente de cristão. Mas, o fato de ser cristã, me faz um tipo diferente de mulher.” Devemos ser um tipo diferente de mulher, e para isso a nossa conduta deve estar pautada nas Escrituras.

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da nossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Por meio de uma mente renovada Deus nos capacita para que não sejamos levadas pela “onda” do feminismo!

[1] Veja Dt 33:29; Sl 33:20; 70:5; 115:9-11.

No Amor de Cristo,

Prisca Lessa