5 formas como o Feminismo tem te intoxicado (2)

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Dentre os diversos aspectos que o Feminismo tem tentado desconstruir, quero pontuar cinco que a meu ver, são os principais.

1. Autoridade da Bíblia

Nas últimas décadas do século XX a teologia cristã passou a ser afetada pela consciência feminista que se desenvolveu a partir da América do Norte. As feministas afirmam que a Bíblia é um livro que não contempla a mulher, pois foi escrita por homens – numa sociedade machista e patriarcal – e, a menos que seja reinterpretada sob uma ótica feminina, ela não deve ser considerada um livro confiável, pois é feita por homens e para homens.

Passou-se a relativizar a Bíblia afirmando-se que boa parte de seus escritos são fruto da cultura da época em que foi escrita. Sendo, portanto, meras questões culturais e não padrões absolutos.

“A Bíblia foi compilada num período quando o patriarcado estava espalhando-se, e seus editores alteraram materiais primitivos para erradicar sinais de um domínio feminino anterior e fazer a supremacia masculina um princípio divino. Assim com a Ilíada e a Eneida, o Antigo Testamento é uma literatura que enfatiza a guerra, o domínio masculino e o assassinato (de inimigos mais do que enfatiza a compaixão e a tolerância). Se ele foi dado por Deus sem erros, então, os seus valores, também dados por Deus, são eternamente corretos. Protestantes evangélicos conservadores usam uma Bíblia inerrante como a maior arma em sua guerra para reter as esferas separadas que garantem o domínio masculino” (FRENCH, 1992, p. 181)

Infelizmente, é assim que muitas feministas veem a Bíblia:, um livro que tem perpetuado a opressão contra a mulher. Sem mais. Pouco importa que elas nunca tenham lido a Bíblia para afirmar isso, isso é o que elas creem e ponto.

  • Paulo, o Machista

Nas últimas décadas, os escritos do apóstolo Paulo relacionados à mulher e ao casamento têm sido classificados como machistas, frutos da mentalidade rabínica. Tem se afirmado que esses escritos foram afetados pelo preconceito que ele nutria em relação às mulheres e, portanto, não foram inspirados por Deus. Essa é uma grave acusação! Mas, não pense que ela vem de feministas seminuas em passeatas, esse tipo de afirmação foi feita por teólogos ditos cristãos[1].

Lamentavelmente, na tentativa de conciliar o conceito moderno de igualdade de gêneros com o conteúdo bíblico, muitos cristãos têm negado a inspiração dos textos bíblicos que contrariam o pensamento moderno ou reinterpretado o seu significado.

Em defesa do apóstolo Paulo: Passagens bíblicas como I Co 11:35 “Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja” e I Tm 2:11 “A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão” causam espanto ao pensamento moderno, mas também foram espantosos no tempo em que foram escritos. “As mulheres eram normalmente consideradas menos instruídas que os homens […] Paulo sugere uma solução […] de longo prazo […] elas deviam ser instruídas e ter aulas particulares com os maridos”[2] (HAWTHORNE; MARTIN e REID, 2008, p. 644).

Atualmente a ênfase desses textos é colocada no fato de que Paulo diz que as mulheres não devem falar, entretanto, na época, a ordem de que elas deveriam ser ensinadas, questionar e aprender tinha muito mais significado. Num contexto em que o ensino rabínico privava as mulheres de aprenderem a Torá e terem parte ativa nos cultos religiosos dos judeus, Paulo estava afirmando que a mulher tinha o direito e a capacidade de aprender assim como os homens e que, não obstante, deveria questionar em casa caso houvesse dúvidas a respeito.

As epístolas paulinas também mostram seu reconhecimento e incentivo ao trabalho realizado pelas mulheres no ministério cristão. Ele dedicou elogios às mulheres do que aos homens e não deixou de citá-las em seus agradecimentos. Em Filipos o primeiro grupo evangelizado por Paulo era composto somente por mulheres (cf. At 16:13-15) e, conforme o registro, Lídia, que estava entre elas, se tornou a primeira convertida na Europa e hospedou uma igreja em sua casa.

Enquanto no mundo greco-romano os homens podiam ter várias amantes, sendo as relações sexuais com as esposas desprezadas e o corpo da mulher era visto como objeto de posse do homem, do qual ele poderia fazer uso como lhe aprouvesse, Paulo afirmou em I Co 7:3-5: “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao marido. A mulher não tem poder sobre seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, [grifo nosso] o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro […]”.

É evidente que a visão do apóstolo Paulo não era contrária à integridade e dignidade da mulher. Ele não foi machista em seu ensino e sim, bíblico, pois o mesmo ensino visto em Paulo é visto em outras partes das Escrituras.

  • Liderança e submissão: efeitos da Queda

Além de Paulo ser considerado machista, outro aspecto que tem sido atacado é o conceito bíblico de liderança e submissão. Tem se afirmado que submissão foi imposta à mulher como uma consequência do pecado, afirmando-se que a liderança do homem só foi estabelecida por Deus após a Queda. Portanto, uma vez que Cristo veio nos redimir da maldição da Queda, tanto a liderança quanto a submissão foram removidos.

Em defesa da liderança masculina e da submissão feminina: Em Gênesis 1 – 3 temos o relato da Criação e da Queda e lemos que Deus criou o homem primeiramente para reger a criação e em seguida criou a mulher para ser sua auxiliadora, coube a Adão como líder dar nome a todas as criaturas, inclusive à mulher, sua companheira idônea, a quem ele reconheceu como sendo sua contraparte “osso dos meus ossos, carne da minha carne” (Gn 2:23). Deus estabeleceu a liderança do homem e a submissão da mulher antes que houvesse pecado e essa ordem foi mantida apesar dele (Gn 3:9). O relato de Gênesis 3:16 revela que a maldição não criou castigos e sim deturpou as bênçãos de Deus, tornando penoso o que antes era prazeroso (submissão, liderança, maternidade, trabalho, etc).

  • Submissão, sinônimo inferioridade

Desde quando a submissão se tornou um problema? Desde que passou a ser considerada sinônimo de inferioridade. Tem se afirmado que a submissão – que é um ensinamento bíblico – parte do pressuposto de que a mulher é inferior ao homem, mas, quem estabeleceu que submissão implica em inferioridade não foi a Bíblia e sim esse pensamento tóxico resultante do pecado.

Em defesa da submissão: O conceito bíblico de submissão não está relacionado à inferioridade. Desde Gênesis, a igualdade essencial da mulher em relação ao homem é afirmada (Gn 1:26,27; 2:18,23). A Bíblia concilia tranquilamente os conceitos de submissão, igualdade de valor e diferença de função. Cristo é o nosso maior exemplo de SUBMISSÃO, sendo Ele igual ao Pai, se submeteu ciente de que seu papel era distinto.

A submissão é um princípio presente em toda a Criação de Deus (1 Co 15:27; Cl 1:15-16), no Corpo de Cristo (1 Co 12:12-27) e também no casamento (Ef 5:22-33; Cl 3:18), é por meio dela que a ordem de Deus é estabelecida no mundo.

Assim como a atribuição de liderança não torna o homem superior, a submissão não torna a mulher inferior, pois o valor de ambos não está baseado naquilo que fazem, mas naquilo que são

  • Submissão mútua

A fim de estabelecer uma amizade com o mundo, a saída encontrada por alguns cristãos modernos tem sido reinterpretar algumas passagens bíblicas. Já que falar de submissão feminina é machismo, que tal adequar e falar de submissão mútua? Muitos, influenciados pelas ideias feministas têm afirmado que marido e esposa devem se submeter mutuamente. Eles desconstroem passagens como Efésios 5:21,22 e afirmam que a submissão mútua é um ensino bíblico. A submissão mútua se tornou a versão “cristã” da busca pela igualdade de gêneros.

Em defesa da submissão feminina: o desejo de descontruir é tão grande que os defensores da submissão mútua sequer se dão ao trabalho de considerar o texto de Efésios 5:22-31, onde Paulo explica o porquê a mulher, e não o homem, deve se submeter no casamento: em sua união eles representam a união entre Cristo e a Igreja, sendo Cristo, que lidera, representado pelo homem e a Igreja, que se submete, representada pela mulher. Se admitirmos que a submissão mútua é bíblica, consequentemente afirmamos que, assim como a Igreja está submissa Cristo, Cristo está submisso a Igreja! Sabemos que isso seria um absurdo. Não existe submissão mútua, pois, sempre terá que haver um líder.

Apesar de ser alvo de tantas acusações e distorções, a Bíblia é uma fonte de autoridade confiável? SIM, pois ela é pura e simplesmente a Palavra de Deus. Mesmo tendo sido escrita por homens, ela não contém erros, pois foi inspirada por Deus (2 Tm 3:16). Toda a Bíblia é a Palavra de Deus e, a menos que afirmemos que Deus falha, ela é infalível; a menos que afirmemos que Deus muda, ela é imutável.

Embora tenha sido escrita em determinado período da História, o desígnio de Deus não mudou, a Palavra de Deus é a mesma para todas as gerações. Ainda que certos conceitos sejam contrários ao pensamento moderno, não é a Escritura que deve se justificar e se dobrar a ele, pelo contrário, se o pensamento moderno é inconsistente com a Bíblia, é ele que deve ser questionado e reavaliado.

A soberania Divina está acima das limitações humanas e a mulher que crê em Deus deve estar convicta de que a Palavra de Deus é uma fonte confiável para conhecer a Deus e a si mesmo. Que o Senhor nos ajude a permanecer fiéis à Sua Palavra nesse tempo de incredulidade.

No Amor de Cristo,

Prisca Lessa

[1] Neste caso, me referi a Paul Jewett e Rosemary Radford Ruether.

[2] Cf. I Co 14:35.