Conhecer e prosseguir em conhecer também vale para o casamento.

tim keller

Quando um casal inicia um relacionamento, há tantas coisas em comum e tantos assuntos a ser conversados que, às vezes, o tempo parece inimigo. O tempo se torna pouco diante de tantos assuntos. Ainda que houvesse um dia todo livre, ele não seria suficiente para satisfazer o desejo de conhecer e ser conhecido pelo outro. As despedidas no portão, na rodoviária ou no aeroporto são sempre dolorosas e o final das ligações traz consigo um misto de alegria e saudade.

Até que um dia os dois, finalmente, se casam e não há mais despedidas dolorosas. Finalmente eles têm tempo para conhecer um ao outro. Porém, mais uma vez o tempo parece um inimigo, pois, a rotina acaba consumindo boa parte do tempo e sem perceber eles deixam de lado a deliciosa experiência de prosseguir conhecendo (intencionalmente) um ao outro; partilhando sonhos, desejos, projetos, medos e angústias. Aqueles interesses, que outrora uniram e fascinaram, continuam a existir, no entanto, vão sendo deixados de lado e substituídos pelas coisas urgentes da vida diária, tal como, o vencimento da próxima fatura do cartão.

As coisas corriqueiras passam a ocupar mais tempo e aqueles momentos de caminhadas e conversas intermináveis se tornam cada vez menos frequentes. Com o passar do tempo, o interesse parece diminuir. Não por falta de amor, mas por falta de investimento, dedicação e criatividade no relacionamento – como programar coisas juntos, separar tardes para tomarem um café e falar da vida, da música, arte, filmes; assuntos que encantavam durante o período em que se cortejavam.

É maravilhoso quando descobrimos o outro – de fato, é o interesse nessa descoberta que aproxima duas pessoas inicialmente -, a vontade de conversar e de ouvir o outro só aumenta, porém, não deve se restringir a esse período inicial, ela deve ser cultivada ainda mais no matrimônio. Meu irmão sempre usava um termo interessante quando ia conversar ao telefone com a namorada ou visitá-la. Ele dizia: “preciso ir cultivar o jardim”.

Pois, é necessário continuar cultivando o jardim depois de casados. Não há como esperar belas flores nem bons frutos sem água, carinho, sol, tempo, dedicação e boas ferramentas. Que haja um esforço contínuo em estreitar os laços, em seguir conhecendo ao outro. O amor é fruto do conhecimento. Durante o cortejo e o noivado conheça o outro tão bem quanto isso for possível e prossiga nessa mesma dedicação após o “sim”.

Outro ponto importante, que vale ressaltar é que se você é uma mulher casada (isso também vale para os homens) seu esforço deve ser em conhecer e descobrir coisas em comum com o SEU cônjuge e não com outros homens. Podem existir outros homens divertidos e interessantes por aí, mas a partir do momento em que você se casa, nenhum deles deve ser mais interessante do que o seu marido, nenhuma conversa deve ser mais atrativa e capturar mais os seus pensamentos do que aquelas que você tem com o homem que escolheu para o resto da vida. E se, as conversas entre vocês não têm sido tão interessantes, invista tempo, planeje assuntos e dialogue sobre tudo, mesmo que sejam apenas tolices da vida que, no fim das contas, renderão bons momentos e boas risadas. Conheça e prossiga em conhecer (intencionalmente) o seu cônjuge.

Como disse Edith Schaeffer:

“O amor crescerá à medida que as razões para o amor forem sendo descobertas, analisadas cogitadas, expressas verbalmente e lembradas. Com o passar do tempo, as recordações ficarão mais ricas, vívidas e calorosas”.

P.S. Escrever sobre casamento sendo solteira é sempre um GRANDE desafio. Sinto que não estou devidamente qualificada para tanto, porém, tenho aprendido que a sabedoria proveniente da Palavra de Deus nos capacita a falar, não com base na experiência, mas no conhecimento bíblico. Essa certeza é o que me permite colocar meus pés, ainda que de modo tímido e desajeitado, nesse mar sobre o qual ainda ainda não naveguei. Oro a Deus para que essas palavras sejam úteis não só para casados, mas também no preparo de solteiros incluindo eu mesma. Que o Senhor nos ajude.

Nele, por Ele e para Ele,

Prisca Lessa