5 FORMAS COMO O FEMINISMO TEM TE INTOXICADO (3)

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O segundo aspecto que o Feminismo tem tentado desconstruir é a

2. IDENTIDADE DE GÊNERO

O gênero é um bem intrínseco e essencial dado por Deus, ele constitui a identidade de todo ser humano.  A distinção dos gêneros é um dos aspectos mais importantes da identidade humana. Uma vez que se tente ignorar esse aspecto o resultado é uma confusão de identidade como se vê nos dias atuais.

Há alguns séculos ser fêmea implicava em ser mulher e ser macho em ser homem. Atualmente tanto a feminilidade quanto a masculinidade têm sido reavaliadas como construções sociais – que devem ser superadas – e não algo intimamente ligado à identidade do indivíduo. De Beauvoir disse que “não se nasce mulher, torna-se”, Friedan afirmou que “mulheres, assim como homens, encontram sua identidade apenas no trabalho em que empregam todas as suas capacidades”, Stein definiu a mulher livre como “[…] alguém que faz sexo antes do casamento e tem um emprego depois dele”, felizmente, nenhuma delas estava certa.

O Feminismo tem alterado a forma como compreendemos o nosso gênero, propondo que nossa identidade está relacionada à função que desempenhamos, à independência e à igualdade. Como toda ideologia humanista, o Feminismo é egocêntrico, “para as feministas, basicamente tudo diz respeito a “mim” – minhas necessidades, minha importância, meus direitos, meu valor, meu pleno desenvolvimento, minha identidade [meu corpo, minhas regras… Enquanto tudo o mais vem em segundo plano]” (Carolyn McCulley). Ele afirma que a mulher deve buscar a sua identidade em si mesma e por meio de suas realizações conquistas pessoais: eu, eu, eu.

Todos os dias somos bombardeadas com mensagens de autoafirmação: empodere-se, seja mais você, busque a sua felicidade (custe o que custar), faça você mesma, obtenha isso e aquilo, seja a melhor. A impressão que fica é que se você não fizer nenhuma dessas coisas, você é uma fracassada. Fomos ensinadas que se até os trinta anos não estivermos exercendo o papel da “executiva de saia lápis, scarpin e pasta preta” na mão, fracassamos, não chegamos no topo. Nos induziram a crer que a nossa identidade se baseia na quantidade de diplomas, profissão e poder aquisitivo; aprendemos que isso é ser uma mulher de verdade.

Quantas de nós não alimentamos, bem no fundo, um sentimento de fracasso porque não chegamos lá? Por que essa frustração existe? Não há nada de errado em não chegar lá, aliás, quem definiu que “lá” é o ponto de chegada? Com certeza não foi a Escritura.

A influência feminista é sutil. Esses dias enquanto conversava com uma amiga, ela me disse que estava se sentindo mal por não estar contribuindo com os preparativos do seu casamento, pois o seu salário de estagiária mal dava para pagar a faculdade. A conversa se desenrolou de tal modo que lhe questionei:

–  Quem foi que disse a você que o dinheiro é o único meio de cooperação? Na realidade, ninguém disse isso a ela, mas isso está no ar que respiramos. Aprendemos que se não pudermos contribuir financeiramente somos inúteis. Muitas mulheres têm acreditado nisso e sentem muita dificuldade com a ideia de contribuir para o bem-estar da família estando em casa; por mais que elas não desejem isso, a sociedade faz com que pensem que são inúteis ficando no lar. Eu disse à minha amiga que auxiliar seu noivo apoiando, incentivando, orando, acompanhando-o nas visitas aos fornecedores e dando sua opinião também era uma forma de contribuição.

Nossa utilidade no mundo não tem a ver com o quanto nós contribuímos financeiramente, seja no lar, na igreja ou na sociedade.

Ao passo que a Bíblia nos ensina a renunciar ao nosso eu, viver para Cristo e servir ao outro, o Feminismo nos auto afirma, ensina-nos a buscar os nossos próprios interesses e nos empodera (#YesYouCanDoIt, #vocepodeseroquequiser). Enquanto a Bíblia nos diz que devemos buscar a nossa identidade em Cristo e através daquilo que Ele realizou por nós, o Feminismo nos diz que devemos busca-la naquilo que temos e fazemos.

Biblicamente, a identidade e o valor da mulher, assim como o do homem, não estão relacionados àquilo que fazem. Objetos têm sua identidade e valor associados à suas funções, seres humanos não. Ao afirmar que a mulher só tem valor ao exercer determinada função, aí sim a objetificamos. Nossa identidade primeira é sermos criados à imagem de Deus, o Senhor nos criou de tal maneira que ao olhar para nós mesmos pudéssemos percebê-lo, busca-lo e encontrarmos nossa (verdadeira) identidade em Cristo. Nada trará plena humanidade senão um relacionamento verdadeiro com Cristo.

INDEPENDÊNCIA

A busca pela independência tem sido o mal da humanidade desde o Éden; nossos pais, seduzidos pela serpente, cobiçaram um atributo que somente Deus possui. Ele é o único ser em todo universo que, de fato, possui independência, ainda assim, insistimos em acreditar nas vãs filosofias que tentam nos enredar. O Feminismo prega a independência feminina o tempo todo, usando frases como: “Seja mais você”; “Empodere-se”; “Independência é liberdade”; “Estude para ser alguém e não ter que depender de homem algum”; “Sua carreira vem em primeiro lugar”. Dinheiro, carreira, diplomas, usar o corpo para o que quiser e como quiser; todos esses aspectos são sinônimos e independência na concepção feminista. Essencialmente, o Feminismo prega a independência da mulher em relação ao homem, ao casamento e à família. Nós temos sido intoxicadas, ainda que inconscientemente com a ideia de que nosso alvo na vida deve ser a busca por independência. Segundo o ensino bíblico a mulher não é independente do homem, essa dependência é inerente à sua própria existência, desde a sua criação. Eva recebeu como matéria prima o DNA de Adão e assim tem sido; revolução  alguma pode alterar esse fato.

As Escrituras nos mostram que existe uma relação de dependência entre homem e mulher; Eva foi identificada como mulher por causa do homem:

“Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada” (Gn 2:23b). Além disso, o propósito de Deus ao criar a mulher foi para que ela auxiliasse o homem, cooperando na missão de cultivar e encher a terra.

“Então o Senhor Deus declarou: ‘Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda'”. (Gn 2:18)

Uma feminista convicta diria que esses textos foram inventados ou adulterados para perpetuar o patriarcado. Verdades assim dilaceram egos feministas. Devo confessar que nem sempre isso é fácil de assimilar, por vezes ouço uma vozinha questionadora lá no fundo; nesses momentos me lembro que devo levar cativo todo pensamento que se opõe à obediência a Cristo (2 Co 10:5).

Paulo reafirma em I Co 11:9: “Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem”. Deus poderia ter feito ao contrário? Ele poderia ter criado a mulher diretamente do pó da terra, como fez com Adão? Sim, mas, em sua sabedoria, preferiu criar primeiramente Adão para então, a partir dele, criar Eva. Tal fato não significa que a vida de uma mulher não tem valor ou sentido à parte do homem, mas que sua missão no mundo não é independente dele. Seja solteira ou casada, a mulher precisa do homem, mas não somente ela.

A Bíblia aponta para o fato de que, existe uma relação de dependência da mulher para com o homem, por outro lado, ela também mostra que existe uma relação de dependência do homem para com a mulher. O apóstolo Paulo acrescenta em 1 Coríntios 11:11: “No Senhor […] nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher”. A discussão acaba nesse ponto, pois um não é independente do outro e qualquer tentativa de desprezo e independência é contrário ao propósito de Deus.

Enquanto o Feminismo investe da independência dos sexos, a Bíblia nos fala da dependência entre eles. Embora Deus tenha criado a mulher a partir do homem, todo homem é nascido de mulher. Aprouve a Ele criar uma relação de complementaridade entre homens e mulheres para que não houvesse qualquer senso de superioridade ou inferioridade.

A Bíblia nos fala de cooperação e não independência, por isso, precisamos reavaliar o que tem moldado nossas mentes.

Ter autonomia financeira não é pecado, sabemos que o trabalho é necessário, ainda mais quando se é solteira, pois, a partir de certa idade ter sua própria renda se torna uma questão essencial. Mas, isso deve sempre ser encarado como uma necessidade e não como um ídolo. Não idolatre a independência, como faz o mundo. Não acredite que sua felicidade e sucesso dependem dela. A verdade é que sua felicidade e sucesso estão condicionadas à sua dependência de Deus. Se você precisa ser uma mulher “independente” para se sentir realizada, algo está errado. O trabalho e os estudos devem ser encarados como um meio para a glória de Deus e não um fim em si mesmo; eles não devem ser encaradoss como meios de autoglorificação.

“Nossos esforços revelam nosso maior tesouro. O que ocupa a nossa mente e afeição revela o nosso maior tesouro” (Heber Campos Jr.)

Não faça do trabalho a sua realização, não creia na mentira do Feminismo de que nós só encontramos identidade, independência, igualdade e realização empregando todas as nossas forças no trabalho. Façamos tudo para a glória de Deus (1 Co 10:33).

A busca frenética pela independência tem dificultado a vida de muitas mulheres cristãs quando elas chegam no casamento. Elas foram ensinadas a crer que a independência é tudo o que elas precisam; que ser dependente de um homem ou trabalhar menos e, consequentemente, receber menos, para poder estar mais presente no lar é uma diminuição do seu valor e da sua capacidade.

Depender de um homem, ser cuidada ou defendida, não é diminuição. É bom contar com o auxílio do homem. Ainda que você seja solteira e financeiramente autônoma, você pode e deve contar com o apoio de figuras masculinas ao longo da vida. Deus outorgou habilidades específicas para cada sexo e à medida que nos relacionamos aprendemos mais sobre quem somos e sobre quem Deus é. Tanto a masculinidade como a feminilidade expressam o ser de Deus de formas muito particulares. Podemos ser independentes e nos limitar à nossa própria visão de mundo ou perceber a imensa sabedoria do Criador revelada por meio dessa dependência e cooperação.

Enquanto o Feminismo nos ensina a pensar egoistamente e buscar uma falsa independência a qualquer custo, as Escrituras nos levam a deixar de lado os nossos interesses pessoais e a pensar nas necessidades do outro (1 Co 13:33).

IGUALDADE

Homens e mulheres são iguais? Sim… e não.

“A igualdade que a Bíblia afirma é que, em termos de valor e dignidade, somos todos iguais; este tipo de igualdade abrange toda a raça humana – homens, mulheres e crianças. Somos todos portadores da imagem de Deus” (Piper e Grudem).  Gênesis 2:18-25 reforça que embora homens e mulheres sejam espiritualmente iguais, eles possuem uma identidade sexual distinta. Essa distinção não é um acidente biológico, ela existe porque Deus deseja que homens e mulheres sejam distintos. “A nossa identidade sexual define quem somos, determina porque estamos aqui e indica como Deus nos chama para servi-Lo”[1]. O fato de possuirmos uma identidade sexual diferente, não é mero acaso, isso permeia todas as facetas do nosso ser. Deus atribuiu papéis distintos conforme a nossa sexualidade. De modo que um não substitui o outro, mas complementa.

Nossas diferenças sexuais apontam nossas diferenças funcionais. Deveria ser óbvio, mas, infelizmente, vivemos em um tempo no qual a razão e a lógica são desprezadas.

O Feminismo afirma que igualdade de valor é equivalente à igualdade de função, se a mulher é igual ao homem, então ambos devem exercer as mesmas funções no lar, na igreja e na sociedade. No entanto, é difícil defender a igualdade sexual com base nas Escrituras; em Gênesis 3:20 Eva é chamada de “mãe de todos os seres viventes”. Tal designação demonstra que ela foi criada para exercer uma função distinta do homem na criação. O fato de macho e fêmea terem sido criados à imagem de Deus “não significa que são intercambiáveis. Um cilindro e uma biela podem ser feitos do mesmo material, ter o mesmo tamanho, peso e preço, mas não podem trocar de papéis”[2].

Ser feito à imagem de Deus e ser homem e mulher são características que se relacionam. A relação de homem e mulher – uma relação de unidade e diferenciação de partes não idênticas, mas iguais da humanidade – reflete, de alguma maneira, a perfeita unidade e diferenciação das pessoas eternas do Deus trino: um só Deus em três pessoas, iguais em divindade e pessoalidade, que amam, agem e se relacionam em perfeita unidade. No entanto, apesar dessa igualdade e unidade, as pessoas divinas não são intercambiáveis; nem são as suas relações ou funções. O Pai é o Pai e não o Filho ou o Espírito. O Filho é o Filho, não o Pai, não o Pai, e assim por diante […] Unidade e diferenciação. Uniformidade e diferença. (Furman e Nielson)

Existe um paradoxo no fato de a mulher ser, dentre todas as criaturas, a única idônea ao homem, o que expressa sua igualdade, e , ainda assim, ser criada como ajudadora do homem, o que expressa sua distinção. O Feminismo tem negado as distinções entre homens e mulheres para afirmar sua igualdade.  A Bíblia afirma a igualdade entre ambos sem negar suas distinções e funções. Não há superioridade ou inferioridade entre o homem e a mulher. Portanto, não há qualquer fundamento bíblico para uma teologia que despreze a mulher e a considere inferior ao homem, pois esta foi criada como igual em valor e dignidade, porém diferente em função.

[1] Piper e Grudem, 1996

[2] Pawson, 1990

No Amor de Cristo,

Prisca Lessa

Continua…