Você não foi chamada para ser uma boa mulher cristã!

Pense por um momento e responda: como você descreveria uma “boa mulher cristã”?

Talvez você tenha em sua mente uma lista de coisas que uma “boa cristã” faz. Ela estuda a Bíblia todos os dias. Aproveita bem seu tempo. Chama o pecado pelo que é e o evita com todas as suas forças. Está ativamente envolvida em sua igreja local. É gentil, paciente e trabalhadora. E a lista continua.

Nenhuma das coisas em nossas listas é ruim; obviamente, é bom estudar a Bíblia, estar envolvida em sua igreja local e ser gentil e paciente.

Mas e se eu dissesse que alguém pode fazer todas essas coisas e ainda assim perder completamente o ponto central do que é ser cristã?

A Boa Igreja Cristã

Havia uma igreja no primeiro século que era muito parecida com a “boa mulher cristã” que descrevi acima. Quando Jesus ditou uma carta para essa igreja em Éfeso, Ele reconheceu todas as coisas boas que estavam fazendo:

“Conheço as tuas obras, o teu trabalho e a tua perseverança, e que não podes suportar os maus, e puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos.” (Apocalipse 2:2)

Os cristãos em Éfeso estavam trabalhando duro para o Senhor. Eles perseveravam em circunstâncias desafiadoras. Além disso, estavam comprometidos em seguir a verdade das Escrituras. Não toleravam pessoas que faziam e ensinavam coisas más; comparavam os ensinamentos que ouviam com a Palavra de Deus e identificavam quando eram falsos.

“Conheço a tua perseverança e o teu trabalho por amor do meu nome, e não te deixaste esmorecer.” (Apocalipse 2:3)

Em uma época em que a perseguição contra os cristãos era mais intensa do que podemos imaginar, as pessoas dessa igreja não apenas suportavam o sofrimento, mas o faziam pacientemente por amor ao nome de Jesus. Sabiam que Ele era o Filho de Deus e estavam dispostas a sofrer em vez de negá-lo. E, além de tudo, apesar de todas as coisas boas que estavam fazendo, as pessoas dessa igreja não haviam se cansado, elas permaneciam firmes.

Uau, impressionante, talvez esta igreja mereceria o título de igreja modelo, ou se ela fosse uma mulher, ela mereceria o título de “boa mulher cristã”. Mas, não foi assim que Jesus chamou essa igreja. Depois de listar todas as coisas maravilhosas que estavam fazendo, Jesus diz: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.” (Apocalipse 2:4). Que constatação pesada. A igreja de Éfeso aparentemente era perfeita, mas essencialmente tinha perdido o amis importante, o primeiro amor. Eles haviam se acostumado a ser crentes e com isso negligenciaram o mais importante acerca da fé cristã: o amor por Cristo.

Perdendo o Foco

Querida irmã, você pode fazer todas as coisas certas e ainda assim perder o foco daquilo que é realmente essencial nafé cristã. Logo no início deste texto, eu trouxe o que seria a descrição de uma “boa mulher cristã” e essa descrição está cheia das coisas que ela faz. É fácil reduzir o cristianismo a uma lista de comportamentos que pensamos que temos que cumprir para sermos consideradas “boas cristãs”. Mas quando fazemos isso, caímos na mesma armadilha da igreja em Éfeso — a igreja que Jesus criticou por ter abandonado o amor por Ele.

Mas, o que a igreja em Éfeso havia sido ensinada originalmente sobre a vida cristã?

Se você já fez o nosso estudo Efésios Para Nós, você provavelmente já estudou este livro profundamente. Se ainda não fez, recomendo fortemente que o faça.

Em Efésios 5, Paulo havia instruído que a igreja evitasse a imoralidade e o comportamento pecaminoso. Ele os encorajou a expor o pecado e a usar seu tempo sabiamente. Ele lhes ordenou a conduzir todos os seus relacionamentos de uma maneira que refletisse a natureza de Cristo. Quando lemos a descrição de Jesus sobre essa igreja em Apocalipse 2, é inevitável pensar que eles estavam fazendo as coisas que haviam sido ensinadas a fazer, e fazendo-as bem.

Mas, o problema é que eles haviam esquecido a razão pela qual deveriam viver dessa forma. No começo do capítulo 5, logo antes de Paulo descrever como os cristãos deveriam viver, ele resume a motivação para a conduta delas assim:

“Portanto, sede imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e a si mesmo se entregou por nós…” (Efésios 5:1-2)

  • Devemos viver vidas completamente separadas da imoralidade — porque somos chamadas a imitar um Deus que é santo.
  • Devemos usar nosso tempo sabiamente — mas não fazemos isso para ganhar a aprovação de Deus. Fazemos isso porque Deus já nos adotou como Suas filhas amadas, e todas as nossas escolhas agora são filtradas por esse relacionamento.
  • Devemos colocar os outros antes de nós mesmas — porque Cristo nos amou a ponto de sacrificar-Se por nós, e queremos ser o mais parecidas possível com Ele.

A vida cristã não é uma simples lista de boas ações que temos que realizar; é uma vida cujo cada passo é dirigido pelo amor. O amor de Deus por mim foi tão grande que Ele deu Seu único Filho para me redimir, para me adotar como Sua própria filha. Diante de tanto amor, como eu não poderia amá-lo? Como eu não poderia querer ser o mais parecida possível com Ele, para agradá-lo em tudo que faço? Como eu poderia não amar as outras pessoas pelas quais Cristo morreu?

Mas sem amor por Ele, de que vale tudo isso?

  • Se eu estudo minha Bíblia por uma hora por dia, mas não amo o Deus que ela me apresenta, meu estudo é inútil.
  • Se estou envolvida em todas as atividades da minha igreja, mas não amo as pessoas que supostamente estou servindo, meu serviço significa muito pouco.
  • Se eu pareço, falo e ajo como uma “boa mulher cristã”, mas não amo Cristo, eu perdi completamente o foco do que significa ser cristã.

Querida irmã, escrevo essas palavras com temor e tremor. Existe um enorme risco em fazermos tantas coisas para o Senhor e ainda assim não amarmos a Ele verdadeiramente, mas sem amor, nada seremos, não importa o quanto façamos e nos dediquemos. Já parou para pensar na seriedade disso? Como você tem vivido diante de Deus, irmã?

Lembre-se… e Arrependa-se

Permita-me ser bem ser clara: não estou dizendo que você não deve estudar sua Bíblia, obedecer à Palavra de Deus ou servir em sua igreja local. Acredito firmemente que, se amamos Jesus Cristo, faremos todas essas coisas. Aqui no TPM nós estamos sempre incentivando você, mulher, a fazer todas essas coisas. Mas o grande ponto é:

Se estamos tentando viver a vida cristã sem amor por Cristo, estamos em um caminho perigoso.

As palavras de Jesus para a igreja em Éfeso são sérias: “Lembra-te, pois, de onde caíste; arrepende-te e pratica as primeiras obras.” (Apocalipse 2:5)

Isso me deixa profundamente temerosa, pensar que posso estar fazendo todas as coisas “certas” e ainda assim precisar de arrependimento, porque o meu coração não está amando primeiramente a Cristo.

Existe um enorme perigo de fazermos todas essas coisas porque elas nos fazem sentir bem, sentir que somos “boas mulheres cristãs”. Talvez você goste de sentir que tem a vida cristã sob controle. Talvez você goste de se sentir confiante e ache que tem todas as respostas; e goste do fato de que as pessoas te veem como um bom exemplo. Talvez, você goste de sentir como se tivesse chegado lá, como se tivesse superado a fase em que se sentia convicta do seu pecado e precisava de correção de Deus. Como se tivesse superado e estivesse agora em um nível espiritual acima dos demais.

Uau, quão perigoso é isso! É por isso que Jesus chamou a igreja em Éfeso ao arrependimento.

O orgulho pode ser tão sutil, infiltrando-se em nossos corações onde menos esperamos. O orgulho diz lá no fundo: “Eu sou melhor que você. Eu sou uma boa cristã. Eu faço tudo certo. Eu cheguei num bom lugar. Posso sentar aqui tranquilamente enquanto leio a minha Bíblia e tomo o meu café”. O orgulho nos convence de que nossas boas obras são evidência de quão boas somos, em vez de evidência da grande obra de Deus em nós. Ele nos sussurra que Deus nos aceita por tudo que fizemos por Ele, em vez de por causa do que Seu Filho fez por nós. E distorce nossa perspectiva até ficarmos tão ocupadas em criar nossa própria imagem que esquecemos que Deus quer nos moldar à imagem de Seu Filho (Romanos 8:29).

O orgulho nos faz focar mais em viver uma boa vida cristã do que em amar o Cristo que morreu por mim e por você.

O orgulho nos faz ser como a igreja em Éfeso: trabalhadoras, conhecedoras da Bíblia e perseverantes, mas carentes da única coisa que realmente importa: amor.

Como os efésios, precisamos nos lembrar de que fomos salvas pela graça por meio da fé, não como resultado dos nossos próprios esforços (Efésios 2:8-9). Precisamos nos lembrar dos primeiros dias da nossa fé, quando vivíamos não para provar quão boa cristã éramos, mas simplesmente para ser como Jesus. Precisamos nos arrepender do orgulho que mantém o nosso foco em nossas próprias conquistas, em vez de no Senhor que nos salvou.

Que possamos viver não para sermos aplaudidas pelos outros ou para nos sentirmos bem conosco mesmas, mas para sermos como nosso Salvador.

Que sejamos motivadas não por um desejo orgulhoso de ser “boas mulheres cristãs”, mas pelo amor ao nosso Mestre bom e gentil. Que Deus nos ajude!

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