Frágil, EU?!

https://www.youtube.com/watch?v=mu3dPT6Eb4A

Hoje quero compartilhar o trecho final de uma palestra ministrada pela Norma Braga na Conferência Fiel para Pastores e Líderes. Pessoalmente, é uma mulher que eu admiro muito e em quem me espelho. Vinda de um contexto feminista, ao se converter e se casar, ela abandonou suas “conquistas” na área profissional e decidiu ser esposa em tempo integral. Mas o que mais me admira é que nem por isso ela é uma “mulher de segunda classe”, como alguns pensam quando se fala em ser esposa em tempo integral. A Norma é doutora em Literatura Francesa e mestranda em Teologia Filosófica, é autora de um livro, tem um blog, é palestrante e possui um grande amor pela teologia. É uma mulher que vale a pena ler e ouvir.

            O vídeo é curtinho, tem apenas 11 minutos, mas para aqueles que preferem ler, fiz a transcrição abaixo. Essa palestra teve grande impacto na minha vida, me vi em 99,999% das palavras dela e acho que isso é algo pelo qual todas nós, filhas de Eva enfrentamos constantemente. Que Deus nos ajude a ser fiéis à nossa vocação: ser mulheres.

“Em I Pedro 3:7 Pedro diz que a mulher é o vaso mais frágil. Eu queria aproveitar essa expressão. Eu teria muito mais coisas para falar sobre a questão da mulher, principalmente no Novo Testamento. Mas são coisas que já têm sido ditas com certa frequência e eu queria pegar só isso: “a mulher como a mais frágil” pra contra um pouquinho de como eu era e de como essa descoberta fez diferença na minha vida.

Bom, pra quem já leu o meu livro “A mente de Cristo” sabe que eu me converti bem tarde, assim, me converti com 24 anos, já tinha passado por vários namoros segundo o mundo, era feminista como todo mundo é, praticamente todo mundo é, se não nasceu na igreja, se não teve uma educação bíblica e eu, primeiro, às vezes eu dizia que queria ser homem porque eu queria ter nascido homem para ter essa vida pública, pra ser mais forte, porque eu me sentia forte ou eu queria ser forte. Na verdade, eu queria me identificar coma força e não com a fraqueza e ainda assim eu tinha uma sensibilidade muito grande mesmo, eu sentia as coisas muito doloridamente, quando pequena também, mas eu queria me identificar com a força. E é engraçado isso, porque eu achava que essa era uma questão minha, da Norma e depois é que eu percebi que não é. É Eva, é Eva tomando a iniciativa, é Eva esquecendo do seu papel como auxiliadora, é Eva deixando de olhar o homem ali do lado e fazendo o que ela quer; é a mulher autônoma, é a história da nossa vida hoje, nessa cultura em que nós vivemos.

Então, olha que coisa interessante, eu não tinha percebido isso, mas Deus começou a me mostrar porque mesmo depois que eu me converti, eu ainda não tinha uma cosmovisão cristã suficiente para romper com o padrão que me acompanhava desde que eu comecei a namorar, que era o seguinte: eu sempre acabava namorando com homens frágeis, homens assim muito sensíveis a quem eu sempre tinha que oferecer o ombro, pessoas que sempre falavam muito mais delas do que eu falava de mim. Eram homens que não me davam segurança até mesmo nas coisas mais básicas: homens que não pagavam o jantar, o almoço. É, eu era esse tipo de mulher que “não, eu pago, eu divido”, sabem como é, todas nós somos hoje um pouco assim porque a cultura é algo muito forte. Por isso que Paulo fala “vem, vem diante de Deus e se desconforma com o mundo, porque se você não vier, se você ficar aí sentando só ouvindo, se você não tiver essa postura ativa, voluntária, você vai repetir, vai se conformar com o que o mundo oferece”. E já convertida eu tive um namorado que por algum motivo que só Deus sabe, eu achei que ele era A PESSOA que Deus estava me dando para ser o meu marido, só que esse namorado era uma pessoa muito problemática. Ele tinha episódios de uma tristeza profunda e de se lamentar do passado o tempo inteiro; ele falava o tempo todo do passado dele e eu ajudando e tal. Ele estava minimamente interessado na Palavra de Deus, então eu ensinei um monte de coisas para ele e eu pensei: “Não, Deus quer que eu prepare ele pra ele ser o meu marido!”. Olha que LOUCURA! Ou seja, eu estaria acima o tempo todo e depois, como é que ia reverter isso? Impossível, como é que eu poderia me submeter depois que eu acolhi ele como se ele fosse uma criança praticamente, eu fui mãe. Muito complicado. E a coisa foi a tal ponto que uma amiga que era psiquiatra me disse que ele tinha alguns indícios de um problema psiquiátrico mais sério e ele foi ao consultório dela e ela confirmou o diagnóstico e ali a minha ficha caiu. Eu: “Nossa, mas como?”. Eu comecei a compreender várias coisas também, porque de fato em alguns momentos ele parecia tão ensimesmado, tão voltado pra ele mesmo nas dores e nos sofrimentos dele que realmente acho que um problema psiquiátrico era uma causa provável. E a coisa foi indo a tal ponto que até mesmo ele, mesmo ele achando que eu era o amor da vida dele, ele viu que ele estava tão doente que era melhor dar um tempo e ele mesmo foi se afastando de mim. E eu sofri muito com isso e eu percebi que Deus estava tirando ele de mim e ali é que realmente a ficha caiu. Eu falei a Deus totalmente destruída, porque tinha apostado nesse relacionamento todas as minhas fichas, então eu falei: “Senhor, me ajuda, como é que eu pude escolher uma pessoa tão frágil e tão inconsciente do seu papel como homem e tão problemática pra ser… Como que eu vi nessa pessoa o meu marido?” Como se… Eu, eu não sei, uma fé cega mesmo, não era uma fé dada por Deus, era algo cego porque eu me encantei com aquele papel de “preparadora”, entende? Eu me encantei com o fato de que eu tinha controle sobre a vida dele de certa forma. Eu era a discipuladora, eu era a mãezona, eu era a psicóloga, eu era tudo e isso me encantou. Então, eu percebi que eu fui enganada pelo meu próprio coração, como diz Jeremias e eu percebi mais uma vez que isso era um padrão. E foi ali que essa palavra se tornou vida na minha vida; ela se concretizou na minha vida. Eu estava simplesmente colhendo as consequências da minha falta de arrependimento do fato de que eu queria ser a forte e não a frágil. Eu queria mandar, eu queria controlar, eu queria dar o tom. Não é que eu fosse mandona, mas eu queria dar o tom! Eu é que queria fazer as coisas do eu jeito para que ele fosse do meu jeito pra que ele fosse do meu jeito e, então, ele seria o marido perfeito.  Nós precisamos nos arrepender disso.

Nós não vamos controlar, e se nós tentarmos controlar nós só vamos sofrer porque não foi pra isso que nós nascemos. Nós nascemos, fomos feitas como auxiliadoras, então, olha que coisa linda: A Palavra usa a imagem de Cristo e a Igreja para se referir ao relacionamento entre homem e mulher, então, Cristo se sacrifica pela Igreja. Olha que coisa interessante, a Bíblia não diz para o homem se sacrificar por sua profissão, para o homem se sacrificar pelo seu ministério, ela diz: “esteja pronto para se sacrificar por sua esposa”, então, se nós formos a parte mais forte nós não vamos estar ajudando o nosso marido, pelo contrário, nós vamos sufocar a liderança dele porque nós precisamos ser lideradas dóceis. Sem essa docilidade, essa mansidão que o próprio Cristo teve em relação ao Pai (porque Cristo é o cabeça da Igreja, mas o Pai está sobre Cristo) e Ele teve essa docilidade, Ele foi submisso.

Por que a gente briga tanto com a palavra submissão? Vamos deixar Jesus ser o modelo da nossa submissão?! (Então) Nós precisamos entender. O mundo diz: “a mulher é forte, a mulher pode tudo, pode ter carreira, pode ter filho, pode ser bem casada, ela pode tudo!”, mas a mulher está vergando sob o peso de múltiplas responsabilidades e nós não fomos feitas pra isso, pra carregar o mundo nas costas, pra tomar a iniciativa e a decisão de tudo. Não fomos feitas pra isso, nós somos sexo frágil! Vamos nos alegrar na nossa fragilidade porque essa fragilidade é a mesma fragilidade da Igreja em relação a Cristo. Olha que bonito! Nós podemos ajudar a própria Igreja nessa submissão, nessa fragilidade. Vamos assumir a nossa fragilidade e ajudar para que as pessoas tenham a posição correta coram Deo (diante de Deus). Olha que interessante, nós temos condição de experimentar um aspecto da graça que é como se fosse uma cor diferente, é uma dimensão diferente (da graça) por nós sermos mulheres, então nós temos muito a ensinar.

Era isso que eu queria dizer para vocês esta noite e, que Deus ajude vocês mulheres a entender como a autonomia pecaminosa pode trabalhar no coração de vocês e paras que vocês possam se desconformar com o mundo cada vez mais e experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus na sua vocação como mulheres, assim como os homens, experimentar essa alegria também na sua vocação como homens seguindo a palavra a Deus, é isso. Muito obrigada”.

(Norma Braga)

Sei que esse é um assunto que toca no tendão de Aquiles da maioria das mulheres, mesmo entre as cristãs, por doloroso que seja ouvir algumas verdades, é fundamental para nós cristãos abrir a mente e o coração para que a palavra de Deus (e não a cultura!) molde o nosso pensamento.

 

Um abraço e até a próxima!

No Amor de Cristo,

Prisca Lessa